Na tarde do dia 5 de março de 2006, na Matriz S. Luiz Gonzaga, em Brusque, em nome da Igreja, antes do momento da ordenação propriamente dita, coube-me fazer algumas perguntas ao sacerdote que estava diante de mim, Pe. José Negri, missionário do PIME (Pontifício Instituto das Missões). A Bula Papal, lida pouco antes, anunciava, pública e oficialmente, que o Papa Bento XVI o havia nomeado Bispo Auxiliar de Florianópolis. Dentre as perguntas que lhe fiz, destaco uma: “Queres edificar a Igreja, corpo de Cristo, e permanecer na sua unidade com o Colégio dos Bispos, sob a autoridade do sucessor do Apóstolo Pedro?” A resposta saiu firme: “Quero”.
No dia 18 de fevereiro de 2009 essa unidade com o Colégio Episcopal manifestou-se de forma especial pois, em resposta a uma explícita manifestação do Bispo de Roma e nosso Papa, Dom José passava a ser o novo Bispo de Blumenau.
Para a Arquidiocese de Florianópolis, a nomeação de Dom José foi o anúncio de uma notícia esperada. Sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, isso aconteceria – isto é, que ele nos deixaria. Por ser um missionário, pensávamos que seria nomeado para longe, para uma Prelazia ou uma Diocese da Amazônia. Esquecemo-nos facilmente de que as missões não são somente regiões geográficas, mas, acima de tudo, situações, conforme nos lembra a Conferência de Aparecida: “Aqui está o desafio fundamental que afrontamos: mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo” (DA 14). …comuniquem por toda parte: também, pois, em Blumenau; transbordando de gratidão e alegria: isso Dom José fez muito bem entre nós, nesses três anos de trabalho e convivência; o dom do encontro com Jesus Cristo: sem dúvida, a maior herança que ele nos deixa é seu entusiasmo pelo Filho de Deus, nosso Irmão e Salvador.
O que Dom José leva de Florianópolis? Sua nomeação ocorreu um pouco antes da realização do 15° Congresso Eucarístico Nacional (maio de 2006). Com sua ajuda, convidamos o Brasil a voltar seu olhar para nossa sede metropolitana (Vinde e vede!) e proclamamos: Ele [Jesus Cristo] está no meio de nós. Dom José leva consigo, pois, o desejo que temos de fazer de Cristo Eucarístico o centro de nossa vida e, portanto, de todas as iniciativas pastorais.
Leva consigo, também, a experiência de uma diocese centenária. Precisamos reconhecer que somos privilegiados, pois nos beneficiamos com o que foi feito pelos que nos antecederam. Leva, ainda, as mil lembranças das Visitas Pastorais, das numerosas reuniões, das celebrações com um povo atento, dos contatos com os seminaristas e dos encontros com numerosos leigos e leigas.
“De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8) foi o lema do centenário da “Diocese” de Florianópolis (1908 – 2008). Durante vários anos tivemos Dom José em nosso meio – primeiramente como sacerdote, trabalhando no Seminário de seu Instituto e em paróquias; depois, como Bispo Auxiliar. Nada fizemos para tê-lo, nem para merecê-lo. Só nos resta, pois, agradecer ao Senhor da messe, que quis enriquecer nossa Arquidiocese com a presença desse nosso irmão. E agradecer, também, ao próprio Dom José, por ter feito de todos nós membros de sua família. Em seu novo desafio, cabe-nos acompanhá-lo com nossa oração e nossa amizade. Obrigado, Dom José! Blumenau te espera!
