O tempo é de render graças a Deus pelas iniciativas evangelizadoras e missionárias no regional Oeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende o estado de Mato Grosso. São 30 anos de criação comemorados desde o início de 2017 recordando a vida, os desafios e a doação de bispos, padres, leigos e religiosos em prol da ação pastoral na região pantaneira que é fronteira entre o Cerrado e a Amazônia.
O estado do Mato Grosso fazia parte do regional Centro-Oeste da CNBB até 1967, quando houve o desmembramento com a criação do regional Extremo-Oeste. Na 25ª Assembleia Geral da Conferência, em 1987, com o já criado estado de Mato Grosso do Sul, os bispos aprovaram a extinção do regional Extremo-Oeste e criaram dois regionais: o Oeste 1, com sede em Campo Grande (MS), e o Oeste 2, com sede em Cuiabá (MT).
São mais de 140 municípios mato-grossenses e 3,345 milhões de habitantes. Há o desafio da pastoral urbana, uma vez que a população das cidades corresponde a 84,36% do total de residentes no estado, dos quais 63,41% são católicos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população mato-grossense tem quatro raízes históricas, de acordo com o bispo de Diamantino (MT), dom Vital Chitolina: os indígenas, com 42 etnias; os negros, originados das expedições paulistas para trabalho escravo e que na atualidade possuem 62 comunidades quilombolas; os portugueses e os garimpeiros, que chegaram à região em busca de ouro. A realidade da migração presente no Mato Grosso desenraíza as famílias, segundo dom Chitolina, apresentando outra urgência evangelizadora para a Igreja.
Região de transição entre três biomas brasileiros – Amazônico, Pantanal e Cerrado -, há ainda o desafio de cuidar do “exuberante santuário natural”. Para dom Vital, é preciso olhar para a Igreja na Amazônia, que já começa na região do Mato Grosso. O local “recebeu os migrantes, mas não os trabalhadores da messe, o que justifica o crescimento de diversas seitas religiosas”.
Presença eclesial
Em relação ao atendimento pastoral, são mais de 320 presbíteros, 164 paróquias nas nove Igrejas particulares mato-grossenses. Apontadas como uma riqueza, estão as 4500 comunidades em todo o estado. “Nestas comunidades que se faz presente o trabalho evangelizador das lideranças leigas com suas atividades pastorais, além da celebração dominical da Palavra de Deus”, afirma o vigário geral da arquidiocese de Cuiabá (MT), padre Deusdédit Monge de Almeida. Também estão em Mato Grosso mais de 400 religiosos e religiosas atendendo ao Povo de Deus nos mais diferentes ministérios eclesiais.
Centro de Evangelização
Uma estrutura relevante para a dinamização do trabalho pastoral e a pastoral de conjunto é o Centro Nova Evangelização (Cene), na sede do regional, em Cuiabá. O local recebe encontros dos bispos, das pastorais e organismos do regional. Inaugurado em 11 de novembro de 1992, teve sua construção em um terreno doado pelos jesuítas. A obra foi coordenada pelo então arcebispo de Cuiabá, dom Bonifácio Piccinini, com ajuda da agência Adveniat, das dioceses do regional, de paróquias e benfeitores.
Testemunho dos mártires
Em texto comemorativo por ocasião dos 30 anos do regional, padre Deusdédit ainda recorda os mártires da fé no Mato Grosso. Bispos, presbíteros e leigos que “desfraldaram a bandeira do Evangelho com entusiasmo santo do apostolado” foram missionários que transformaram “os rincões mais longínquos do Mato Grosso em rotas luminosas de suas peregrinações”. São lembrados os jesuítas padre João Bosco Penido Burnier e irmão Vicente Cañas, o salesiano padre Rodolfo Lukembein, padre Nazareno Lanciotti, padre Ezequiel Ramin e o leigo Henrique Trindade
“Dento da celebração dos 30 anos do regional, nós estamos olhando para aqueles que construíram essa história derramando suor e sangue”, afirma o bispo de Juína (MT) e presidente do regional Oeste 2 da CNBB, dom Neri José Tondello. Entretanto, dentro da construção histórica do Mato Grosso, segundo o bispo, os maiores mártires são os povos indígenas. “Muitos foram martirizados, populações e etnias inteiras. E muitos, graças a Deus, continuam como mártires vivos, porque nós sabemos que os índios não têm futuro se nós não fizermos uma opção séria: de estar ao lado, de ajudá-los, de defendermos”, afirma. Para dom Neri, o agronegócio “quer atropelar as minorias”, como os índios, os quilombolas e os ribeirinhos.
O regional Oeste 2 está sediado na rua Teresa Lobo, 399 – Senhor dos Passos, em Cuiabá.
O presidente é dom Neri José Tondello; o vice-presidente é o bispo de Sinop (MT), dom Canísio Klaus; e o secretário o bispo de Barra do Garças (MT), dom Protógenes José Luft. A secretaria executiva está a cargo do padre Jair Fante.
Site: http://www.cnbbo2.org.br/