Olhar a seara com os olhos do bom Pastor

Dom José Gislon
Diocese de Caxias do Sul

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus. É com alegria e esperança que, ao terminar o Sínodo da Amazônia, realizado sob a “contestação de alguns” e a luz iluminadora do Espírito Santo, percebemos que o “Sínodo foi realizado em um ambiente fraterno e de oração”. Graças à caminhada sinodal do Povo de Deus na etapa preparatória, que envolveu toda a Igreja no território, os Bispos, os missionários, os membros das Igrejas de outras confissões cristãs, seculares e leigas, e muitos representantes dos povos indígenas, em torno do documento de consulta que inspirou o Instrumentum Laboris.

O texto final traz presente que “a celebração do Sínodo, conseguiu destacar a integração da voz da Amazônia, com a voz e o sentimento dos pastores participantes”. Desta nova experiência de escuta, foi possível discernir a voz do Espírito que levará a Igreja a percorrer novos caminhos de presença, evangelização e diálogo intercultural na Amazônia.

Nos trabalhos do Sínodo, não faltou coragem profética dos pastores participantes para olharem as necessidades da Igreja Amazônica, sem esquecer seu rosto amazônico, levando em consideração a necessidade de evangelização daquela porção do povo de Deus. Cientes de que é urgente a promoção e formação de lideranças que acompanhem as comunidades de fé, para passarmos de uma igreja de visitas, a uma igreja de presença, o Sínodo contribuiu para que a Igreja olhe com carinho, e dê passos concretos, também na formação de diáconos permanentes, devido à importância desse ministério na comunidade. De maneira particular, para suprir a necessidade de serviço eclesial em muitas comunidades que vivem isoladas. As necessidades pastorais específicas das comunidades cristãs da Amazônia nos levam a uma compreensão mais ampla do diaconato, um serviço que já existe desde o início da Igreja e foi restaurado em grau autônomo e permanente pelo Concílio Vaticano II ( LG 29, AG 16, OE17).

O diaconato de hoje também deve promover a ecologia integral, o desenvolvimento humano, o trabalho social pastoral, o serviço daqueles em situação de vulnerabilidade e pobreza, configurando o Cristo Servo, tornando-se uma Igreja misericordiosa, samaritana, solidária e diaconal.

A Igreja, mãe, serva e servidora, “encontra no diaconato permanente, a expressão e ao mesmo tempo o impulso vital, para fazer-se, ela mesma, sinal visível da diaconia de Cristo Servo na história dos homens” (Papa Francisco). São João Paulo II, durante o seu pontificado, num discurso aos diáconos italianos, manifestava de forma clara a identidade do diácono: “O diácono no seu grau personaliza Cristo Servo do Pai, participando da tríplice função do Sacramento da Ordem: é mestre, enquanto proclama a Palavra de Deus; é santificador, enquanto administra o sacramento do Batismo e os Sacramentais; é guia, enquanto é animador de comunidades e setores da vida eclesial. Neste sentido, o diácono contribui para fazer crescer a Igreja como realidade de comunhão, de serviço e de missão”.

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