Oração, alterofobia e amizade social 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 
Bispo de Campos (RJ)

 

 

O segundo domingo da Quaresma nos apresenta o mistério significativo e fascinante da Transfiguração, especialmente neste ano em que nos preparamos para o jubileu 2025 dos sessenta anos do Concílio aprofundando a experiência da oração especialmente do Pai Nosso e que a CF 2024 reflete o  tema fraternidade e amizade social.  

A Transfiguração nos permite saborear e antever as transformações provocadas com o encontro com o Pai, a oração que nos une plenamente com Deus e ilumina com o resplendor da humanidade nova e inteira. A oração é sempre um Tabor, que aprofunda nossa filiação e imagem divina em Cristo. Contemplando Cristo Transfigurado, alcançamos a visão plena de nossa vocação e a alegria da posse de Deus  na nossa alma. Nos devolve aquilo que o pecado tinha separado e fragmentado: a nossa união com o Pai da Consolação e da Misericórdia.  

Ao  entrarmos na “nuvem” da oração, acolheremos a Palavra do Pai que nos fará reconhecer no Filho seu projeto de salvação e nos convocará a obediência e fidelidade da Aliança batismal. Orar é sempre um chamado à conversão, a comunhão e a missão. Por isso a oração possibilita curar no nosso coração e na nossa mente a fissura do síndrome de Caim, da prisão do ódio e da ira assassina que nos faz ver nos outros um inimigo e uma ameaça.  

Pela oração cristã nos libertamos no medo, da discórdia e da subjetivação radical que nos isola e nos torna cegos ao amor e a comunhão com Deus e os irmãos. Somente aprendendo a rezar e a viver a Oração do Pai Nosso, tornando-a regra e programa de vida seremos capazes de irradiar a alegria e gozo de ser filhos e filhas do Pai amado e testemunhar a felicidade de sermos irmãos e irmãs de todas as pessoas e criaturas.  

Que o Espírito Santo nosso mestre e amigo interior nos leve sempre a uma oração centrada no seguimento e configuração de Cristo, passando pela Cruz amorosa, compassiva e solidária com todos os sofrimentos e angústias da humanidade e de toda a Criação, para na Páscoa ressuscitarmos com Jesus imagem perfeita do Pai, e do homem e mulher renascidos e mensageiros da Nova Criação, membros vivos da fraternidade universal, que somos chamados a esperar e testemunhar com entusiasmo e paresia. Deus seja louvado! 

 

 

 

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