Celebramos a Páscoa. Estamos já no segundo domingo. A Ressurreição do Senhor é o grande acontecimento que está na base da nossa fé e nas suas conseqüências para a Igreja e o mundo. E para a nossa vida. Será que a Páscoa deste ano nos ajudou a dar um passo adiante no amor ao Senhor, na caridade e solidariedade com os outros? Ou ficamos como antes.
Na 1ª. Leitura, Atos 5,12-16 descreve a Igreja em seu construir-se em torno aos apóstolos: é comunidade que se reúne para a oração, vive na caridade, e faz por merecer a admiração e a estima dos outros.
Na 2ª. leitura, do livro do Apocalipse 1,9-19, o apóstolo João descreve o Cristo ressuscitado. O Senhor se apresenta com palavras sugestivas: “Eu sou o Primeiro e o Último, e o Vivente. Eu estava morto, mas agora vivo para sempre”.
O evangelho de João 20, 19-31, nos fala de Jesus ressuscitado, que se apresenta duas vezes aos apóstolos. A primeira, à tarde do primeiro dia da semana, com grande alegria dos apóstolos e com a comunicação do poder de perdoar os pecados. A segunda vez, oito dias depois, no primeiro dia da semana, com o episódio de Tomé incrédulo e a conclusão: “Bem aventurados os que, mesmo não tendo visto, creram”.
Os evangelistas ao se referirem ao primeiro dia da semana não o chamaram de domingo. Somente mais tarde, cristãos do mundo latino passaram a empregar o nome de domingo para o primeiro dia da semana. Sábado deriva do mundo hebraico, e significa “dia do repouso” recordando a criação do mundo, e o Criador que “no sétimo dia repousou”. O dia depois do Sábado era o da Ressurreição de Jesus, o mais importante de todos, e os cristãos logo o chamaram “dia do Senhor”, em latim Dominica Dies, depois simplesmente Dominica. No ano 321, o imperador Constantino elevou o Domingo a dia de repouso oficial para todos os cidadãos do Império Romano. Pouco a pouco esta singular invenção dos primeiros cristãos se difundiu, e hoje é aceita em muitas partes do mundo.
Suas características são: a alegria e a festa; a necessidade de fazer paz com os irmãos; o dever de eliminar diferenças e discriminações; de socorrer os pobres; o justo repouso.
Sobretudo os cristãos neste dia se reúnem em assembléia, ouvem a Palavra de Deus e participam da Eucaristia. Fazem memória da morte e ressurreição do Senhor; agradecem a Deus que em Cristo os chama a um destino de eternidade. Acontece cada domingo, nas milhares de igrejas espalhadas pelo mundo: recordamos a Ressurreição e podemos também recordar-nos que os filhos são “do Senhor”. Nosso nome, nossa festa, iniciada exatamente com a Ressurreição, o “primeiro dia depois do sábado”. Para o cristão todo Domingo celebra a Páscoa, todo domingo é Páscoa.
As conseqüências da reflexão cristã sobre a Ressurreição foram importantes para a humanidade. Cristo ressuscitado, vivo na celebração dominical, há dois mil anos é capaz de mudar a vida do homem. Formulamos votos de Boa Páscoa. Somos otimistas, porque Cristo ressuscitou. Se esperamos um mundo melhor, é porque Cristo ressuscitou. Se não me espavento comigo mesmo, é porque Cristo ressuscitou. Quantas pessoas continuam a lutar apesar de tantos sofrimentos, porque compreenderam que coisa é a Páscoa, a festa cristã, a vida cristã. Eis porque também nós, não obstante tudo, somos otimistas, porque Cristo ressuscitou.”
Contemplamos o Senhor com a maravilha e estupor, que experimentaram os apóstolos, naquele primeiro dia depois do sábado, diante de Jesus ressuscitado. Aquele Jesus que entra através de portas fechadas, e diz “a paz esteja convosco!” Jesus que traz a paz, a tranqüilidade que recuperamos cada domingo recordando que somos chamados a um destino de ressurreição.
Sabendo disso, nós nos tornamos confiantes, cheios de esperança, ainda quando as coisas não vão bem. Otimistas, com um gosto todo especial de viver, de construir, realizar. Esperamos um mundo melhor. “O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem toma e semeia no seu campo” (Marcos 4, 31). Deus confia em nós seus filhos para que venha a nós o seu Reino da verdade, da justiça, do amor.