O grande teólogo já falecido Padre Congar, que foi um dos grandes teólogos do Concílio Vaticano II, lembra com graça que, em se tratando de reforma da Igreja, não se pode pretender “outra Igreja”, mas “a Igreja outra”. Não é simples trocadilho, mas uma acertada posição teológica. Trata-se de dar à Igreja, sempre a mesma, a única de Cristo, uma nova face e um novo sopro de vida. Não se pode deixá-la envelhecer, cobrir-se com a poeira dos anos, enrugar-se.
Em primeiro lugar, a nova face tem de ser uma Igreja de comunhão, isto é, de grupos de pequenas células, onde todos se conhecem e se estimam como irmãos. O ideal nos vem apontado pelos Atos dos Apóstolos: “um só coração e uma só alma”. Este ideal é impossível na enormidade territorial de nossas paróquias. Se se quiser verdadeira “comunhão” ou “koinonia”, necessário descentralizá-las, criando novos centros, com que o relacionamento das pessoas seja familiar e fraterno.
Outra característica é a da co-responsabilidade, isto é, equipes de serviço, valorizando os carismas pessoais, que se expressam em ministérios diversificados. Haja pois uma florescência de grupos ativos sob a liderança do responsável maior que é o pároco.
Uma terceira nota deste ideal de vida paroquial é a participação ativa nos problemas humanos da comunidade ou, em outras palavras, uma Igreja encarnada na realidade da vida. Não uma Igreja de sacristia, mas interessada em tudo que afeta o ser humano.
Estas três notas – comunhão, co-responsabilidade e participação – só se pode viver e concretizar nas pequenas células de que se compõe a paróquia ideal. Assim não se terá uma Igreja de massa, mas uma Igreja viva, atuante, palpável. Igreja – místico corpo de Cristo: muitos membros e uma só alma.
Esta nova maneira de ser Igreja vai exigir mudança de mentalidade e coragem apostólica. Claro que se não fará tudo na rapidez de um relâmpago. Mas com a constância e a coragem de quem sabe que o Espírito sopra e anima, ilumina e impulsiona. Não se pode pretender que a semeadura do amanhecer seja seara rica ao cair da tarde…