Padre Antônio Vieira

Neste ano de 2008 ocorre o IV Centenário do nascimento do Padre Antônio Vieira em Lisboa no dia 06 de fevereiro de 1608. Realizamos, na última semana em Salvador, um

Simpósio Internacional Comemorativo.

Na Catedral Basílica, outrora Igreja do Colégio dos Jesuítas, no dia 10 de dezembro de 1634, 2º Domingo do Advento, foi ordenado sacerdote o Padre Antônio Vieira pela imposição das mãos do sétimo bispo diocesano de Salvador, Dom Pedro da Silva Sampaio.   Aqui chegara Antônio Vieira aos seis anos de idade com a família. O menino fez os estudos desde a formação elementar até a superior, no Colégio dos Jesuítas.

A inteligência muito acima do normal do jovem é extraordinária, de gênio, comprovada pela capacidade de aprofundar conceitos, compreensão de argumentos filosóficos, bíblicos, teológicos, históricos e sociológicos.

Aos 15 anos entrou na Companhia de Jesus. Distinguiu-se tanto que foi encarregado da cadeira de retórica e algum tempo depois do curso de dogmática. Logo se notabilizou nas igrejas como orador antes mesmo de ser ordenado sacerdote.

Foi mandado pelo Brasil para saudar D. João IV, partindo em 1641, com D. Fernando de Mascarenhas, filho do Vice-Rei e Pe. Simão de Vasconcelos, para Lisboa. O rei D. João IV, informado da reputação e capacidade de Vieira, encarregou-o de um sermão numa das maiores igrejas da cidade na presença da família real e da corte.

Ao contemplar a personalidade privilegiada de Vieira e sua notável formação e atuação, penso na verdade da Palavra de Deus que suscita homens ilustres nos povos e particularmente na Igreja, onde aparecem como manifestação da glória de Deus e como estrelas reluzentes que em todos os tempos manifestam a grandeza de Deus e as verdades irrefutáveis percebidas pela razão humana.

A Companhia de Jesus foi um grande presente de Deus para a humanidade. Sua história não conheceu fronteiras. Procurou evangelizar não para subjugar povos, especialmente os nossos povos indígenas, mas colocando-os no cenário mundial, não dominados pela busca do lucro nem pela ganância dominante nos poderosos, mas pelo espírito de comunidade solidária.

Os sermões do Padre Antônio Vieira, alguns deles proclamados nos púlpitos de nossa Catedral não é exaltação de vaidade intelectual, mas de espírito missionário que o animou e o fez pedir aos superiores da Companhia que o mandassem para as missões na África, antes mesmo de sua ordenação sacerdotal. A obediência da Companhia lhe indicou outro caminho de missão: o púlpito e o magistério.

Dom João IV o nomeou pregador da corte. Desde então o Padre Vieira ocupou também lugar proeminente na diplomacia e foi apóstolo incansável da liberdade dos Índios do Brasil e defensor dos Judeus.

Com a morte de Dom João IV, cessou a grande influência exercida por Vieira. Dom Afonso VI subiu ao trono e logo exilou o grande orador para o Porto e depois para Coimbra. Sendo destronado Dom Afonso VI, sucedeu-lhe o rei Dom Pedro II. Vieira, então, libertado voltou a pregar na corte.

Durante seis anos passados em Roma foi muito admirado e obteve os melhores triunfos. A rainha Cristina da Suécia, estando em Roma naquele tempo, escutou os seus sermões e ficou tão impressionada que o nomeou seu confessor.

Na idade de 71 anos voltou para o Brasil, onde morreu no dia 18 de julho de 1697, aos noventa anos, na Bahia.

O Padre Antonio Vieira é mestre da língua. Segundo Fernando Pessoa, o imperador da língua portuguesa. São quinze volumes de Sermões e mais de oitocentas cartas. Possuem grande número de informações políticas, curiosas noticias sobre a inquisição, estudos políticos e literários. Seu estilo tem adjetivação copiosa e tão precisa quase insuperável. Vôo alto de idéias filosóficas, ora profanas ora religiosas.

Uma subtileza: “Peço desculpar-me de ter sido longo, por não ter tempo de ser breve!”

Vieira não distinguia Portugal do Brasil. Conhecia a corte e conhecia os índios. Conhecia os políticos e as espumas de suas promessas.

Conhecia os Padres da Igreja dos primeiros séculos e conhecia a catequese humilde dos analfabetos. Falou em presença do papa, de reis, do povo. Dono de imensa cultura transparente em cada frase dos sermões, sabia trocá-los em termos de fé e moral, de festa e culto.

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