Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Passou-se mais uma Semana Santa. Agora os cristãos foram introduzidos no tempo da Páscoa, quando Jesus, morto na cruz, dá o testemunho da verdade de sua vida, fundamentada e comprovada através de aparições, como Ressuscitado, às pessoas. Os Evangelhos comprovam essa realidade da vida e da doutrina de Cristo. Agora é o nosso testemunho, livre e consciente, com base na Palavra de Deus.
Diante dos acontecimentos após a trágica Paixão de Cristo, nesse tempo pascal, imaginamos o caminho feito pelas primeiras comunidades cristãs com os objetivos de identificação e autenticidade sobre a veracidade da Ressurreição, a comprovação de que o Senhor, tendo morrido na cruz, realmente está vivo e presente no meio de todos. É o drama do mistério da vinda e da vida de Jesus.
Esse mistério continua hoje, talvez com maior intensidade dentro de um clima de ceticismo muito forte dos últimos tempos. Há uma crença de que o espírito humano não tem condições e nem procedimentos intelectuais para atingir a plenitude da verdade. O mesmo acontece a respeito da identidade mistérica de Jesus Cristo, principalmente quando dizemos que Ele era homem e Deus.
Os apóstolos também tinham dificuldade para compreender a dimensão da vida do Senhor. Entender o humano era fácil, porque conheciam até a sua origem, da casa de um carpinteiro. Mas não se davam conta de que Jesus, além da sua humanidade, da convivência dele na vida social e comunitária, era a presença de Deus no meio da comunidade, esvaziando-se por completo como Ser divino.
Em outra forma de ver, não entendiam que o Crucificado e o Ressuscitado eram a mesma pessoa, firmando a plenitude da aliança da criação com a eternidade. Isso não era um mito ou como uma invenção despida de fundamentação histórica e bíblica. A cena da vida de Jesus foi um grande acontecimento, a confirmação de uma promessa trabalhada pelos profetas no Antigo Testamento.
A vida pública de Jesus foi um aprendizado para aqueles da sua convivência. Aprendizado também para seus seguidores de hoje, porque o desafio do esvaziamento, do sacrifício e da renúncia é quase incompatível com a cultura hedonista e vazia de compromissos sérios. Então, seguir o Cristo é correr risco de sofrimento e incômodo provocado pelas estruturas injustas da atualidade.