Papa na Mongólia: a presença do pastor para abraçar o pequeno rebanho, vivo na fé e grande na caridade

O Papa Francisco está prestes a partir para a Mongólia, para sua 43ª viagem apostólica, de 31 de agosto a 4 de setembro. Uma visita que ele “tanto desejava” e que já estava nos planos não realizados de São João Paulo II, depois que a presença de missionários no início da década de 1990 levou ao renascimento de uma comunidade cristã. A Igreja que receberá o abraço do Sucessor de Pedro no coração da Ásia é uma Igreja “pequena em números, mas viva na fé e grande na caridade”. Francisco encontrará não apenas os 1.500 católicos do país, mas todo aquele povo “nobre” e “sábio” com sua grande tradição budista.

A Mongólia estabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano em 1992. É o maior país sem acesso ao mar do mundo, com uma população de apenas 3,3 milhões de pessoas. De acordo com o censo nacional de 2020, 52% da nação é budista, 41% se considera “não religiosa”, 3,2% é muçulmana e 1,3% é cristã. A peregrinação do Santo Padre ao país é o culminar de décadas de encontros entre budistas e cristãos.

Após a oração mariana do Angelus, do domingo, 27 de agosto, o Santo Padre destacou que na próxima quinta-feira, 31 de agosto, partirá para a Mongólia para mais uma viagem apostólica internacional, pedindo a todos que acompanhem com a oração esta visita ao país:

Na quinta-feira, partirei para uma viagem de alguns dias ao coração da Ásia, à Mongólia. Essa é uma visita muito desejada, que será uma oportunidade para abraçar uma Igreja pequena em números, mas vivaz na fé e grande na caridade; e também para conhecer de perto um povo nobre e sábio, com uma grande tradição religiosa que terei a honra de conhecer, especialmente no contexto de um evento inter-religioso. Gostaria agora de me dirigir a vocês, irmãos e irmãs da Mongólia, dizendo que estou feliz por viajar para estar entre vocês como um irmão de todos.

    Dom Teodoro comenta o sentido da viagem

    “O Papa Francisco é ecumênico e nos dá um luminoso testemunho (…) do caminho que devemos trilhar em favor do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, na busca da unidade na diversidade”. Foi o que afirmou o bispo de Ponta de Pedras (PA) e presidente da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Teodoro Mendes Tavares, ao comentar a viagem do Papa Francisco à Mongólia.

    Dom Tavares destaca o pluralismo do mundo e a necessidade da convivência pacífica a partir de um diálogo sincero e construtivo. “O mundo de hoje, bastante dividido, espera que as Igrejas e as religiões, os membros de outros credos e nós, cristãos católicos, em particular, promovamos a cultura do encontro, o diálogo, a fraternidade, a amizade social e a paz”, pontua.

    Programa da viagem

    O Santo Padre partirá no dia 31 de agosto, às 18h30 locais, do aeroporto internacional Leonardo da Vinci – Roma/Fiumicino com destino a Ulan Bator, onde chegará no dia seguinte, 1º de setembro, às 10h locais, ao “Chinggis Khaan” Aeroporto Internacional da capital, onde será realizada a recepção oficial.

    Em 2 de setembro, às 9h da manhã locais, se realizará a cerimônia de boas-vindas em Sukhbaatar, praça central de Ulan Bator e a seguir a visita de cortesia, às 9h30, ao presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, no Palácio de Estado. Ainda pela manhã, às 10h20, o Papa fará seu primeiro discurso no encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático na sala “Ikh Mongol” do Palácio de Estado. Às 11h, haverá um encontro com o presidente do Grande Hural de Estado (Parlamento da Mongólia) e às 11h10, o encontro com o primeiro-ministro.

    A atividade do Papa será retomada à tarde, às 16h, com o encontro com os bispos, sacerdotes, missionários, consagrados, consagradas e agentes pastorais na Catedral dos Santos Pedro e Paulo, onde Francisco fará seu segundo discurso.

    Para domingo, 3 de setembro, estão previstos dois eventos: às 10h00 locais, o encontro ecumênico e inter-religioso no “Hun Theatre”, com o terceiro discurso do Papa, e à tarde, às 16h, a Santa Missa na “Steppe Arena”, onde Francisco fará a homilia.

    A segunda-feira, 4 de setembro, último dia da visita, começará com um encontro com agentes de caridade e com a inauguração da casa da misericórdia, às 9h30, onde Francisco pronunciará seu último discurso. Às 11h30, haverá a cerimônia de despedida no Aeroporto Internacional “Chinggis Khaan” de Ulan Bator. Ao meio-dia a partida para o Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci-Roma/Fiumicino onde a chegada está prevista para às 17h20 locais.

    O lema “Esperar juntos”

    “Esperar juntos” é o lema desta visita, com o qual, explica a Sala de Imprensa da Santa Sé, “se deseja destacar o duplo significado da viagem apostólica do Santo Padre à Mongólia: o de visita pastoral e visita de estado”. Portanto, a escolha foi por uma “virtude puramente cristã (a esperança), mas amplamente partilhada também em ambientes não cristãos, associando-a ao advérbio juntos, para sublinhar a importância da colaboração bilateral entre a Santa Sé e a Mongólia”.

    “Esperar juntos” é “um ideal comum e também um elemento” que pode marcar a viagem, ressalta a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé: “A presença do Santo Padre representa para esta pequena porção do povo de Deus um sinal de grande esperança e incentivo e, por outro lado, a Igreja na Mongólia, com a sua pequenez e marginalidade, pode oferecer um sinal de esperança para a Igreja universal”.

    O logotipo

    O logotipo mostra acima da escrita o mapa da Mongólia, delineado com as cores vermelha e azul da bandeira nacional. No interior, explica a Sala de Imprensa da Santa Sé, “uma ger (casa tradicional da Mongólia), de onde sai uma fumaça amarela para o alto (cor do Vaticano). À direita da ger está uma cruz. A ger e a cruz estão contidas entre duas escritas verticais, na língua tradicional mongol, que retomam o lema (“Esperar juntos”).

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