Para teólogo, mundo passa por transformações socioeconômica e ético-cultural

“Vivemos uma mudança de época”. Esta afirmação feita pelos bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Aparecida (SP), em 2007, tem sido objeto de muita reflexão na Igreja. Ela foi o ponto de partida da conferência do teólogo, padre Inácio Neutzling, na 8ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus, aberta na tarde de hoje, 13, no Centro de Pastoral Santa Fé, em São Paulo.

“A Conferência de Aparecida disse que vivemos uma mudança de época. Podemos dizer que vivemos um tempo especial, um kairós”, disse o teólogo. “Mudanças epocais não houve sempre na história. Alguns chamam de mudança civilizacional. Estamos na transição de uma época que está morrendo e de outra que está nascendo”, completou.

Segundo Neutzling, há duas grandes transformações ocorrendo no mundo. Uma socioeconômica e outra ético-cultural. “Elas não estão separadas, mas mutuamente imbricadas; uma depende da outra, estão numa circularidade e são o paradigma da complexidade”, explicou.

O teólogo prefere usar o termo bifurcação em vez de transformação ou mutação. “A bifurcação designa uma mudança de estado, um salto qualitativo”, esclarece. “As bifurcações são a um só tempo um sinal de instabilidade e um sinal de vitalidade em dada sociedade”, completa, citando o químico russo Ilya Prigogine.

Para Neutzling, na transformação socioeconômica há três grandes bifurcações: a numérica, a econômica e a biológica. “Vivemos a transição de uma modernidade para outra modernidade. Da primeira modernidade, universalizada pela Revolução Científica do século XVII e pela Revolução Industrial de 1750, para a segunda modernidade, que é a universalização do conhecimento e da informação. Esta transição afeta profundamente todas as dimensões da existência humana”, disse ao se referir à “bifurcação numérica”.

A “bifurcação econômica”, de acordo com o teólogo, possui duas “duas hélices que movem a Globalização”. A primeira é a “hegemonia do poder-dominação”, movida pela ciência, técnica, indústria e lucro”, e a segunda, “a luta pelos direitos da pessoa humana e dos povos”, caracterizada pela liberdade, igualdade e fraternidade”. “Reforçar a segunda hélice é contribuir para que a humanidade possa parir a humanidade”, afirmou.

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