Os textos bíblicos muitas vezes apresentam ensinamentos e verdades através de comparações elucidativas. A da videira é uma delas. O profeta Isaías admoesta o povo judeu por ser qual uma parreira produtora de uvas selvagens ou azedas. Deveria ser arrancada para o plantio de frutas de melhor qualidade (conferir em Is 5, 17). Jesus fala das árvores que produzem frutos bons ou ruins. Na parábola da figueira, que não dava bons frutos, mostra também o comportamento de quem não realiza o bem.
O próprio Jesus conta o caso dos vinhateiros que arrendaram a terra mas não quiseram pagar o arrendamento com o produto do plantio (Cf. Mt 21, 33-43). Tudo isso indica o ensinamento sobre a necessidade de se usar o dom da vida e de tantas oportunidades outorgadas por Deus para realizarmos o melhor de nós. Assim se executa o projeto do Criador para o nosso próprio bem e o da sociedade. Podemos trazer à consideração nossa realidade de convivência humana. Em que pesem nossos limites e desafios, temos sempre a consciência ou noção do bem.
Quanto mais refletirmos sobre a transitoriedade de nossa existência na terra e sobre as preciosidades maiores ou ideais de grandeza ética e moral, mais perceberemos que valemos muito pela contribuição dada ao bem comum e não por termos muitos bens, projeção pessoal ou bem estar baseado, acima de tudo, nos prazeres. Neste tempo de eleições políticas, somos convidados a colocar a mão na consciência para examinarmos sobre o valor do voto responsável. A venda do mesmo por busca de vantagens pessoais morde nossa grandeza pessoal, a ponto de não pensarmos exatamente no bem da sociedade.
Os políticos devem ser examinados pela sua integridade ética e moral, bem como por sua capacidade de servir a comunidade. Devemos examinar sua história para vermos se são árvores de bons frutos. Não vale o ‘rouba mas faz’! Pensando assim, nós próprios faltamos com a altivez de caráter, por mais beneficiados fôssemos. Temos condição de mudar a sociedade com nosso encaminhamento de conduta, que exige seriedade moral para, juntos, contribuirmos com o bem de todos.
Muita coisa ruim no convívio social pode e deve ser mudada, a partir de nós e de nosso voto responsável. Quem não conhece adequadamente um candidato deve informar-se bem para não errar o voto. Quantas pessoas em condição de governar ou legislar nós temos! Basta pesquisarmos e dialogarmos com quem tem condição adequada de nos dar segurança em suas informações sobre os candidatos!
Por outro lado, faz-se muito necessário pedirmos a Deus para que sejam eleitos os melhores para o bem de nosso povo, principalmente dos deixados de lado na inclusão social cidadã! O apóstolo Paulo, a quem é dedicado pela Igreja o ano de seu vigésimo século de nascimento, lembra claramente: ‘Apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas’ (Fl 4, 6). Os próprios candidatos devem viver sua fé, superando o intimismo, para fazê-la frutificar na prática da promoção da cidadania.
Não basta dizer-se pessoa de fé e membro da Igreja. Ser árvore, mas com frutas azedas não presta o real serviço à sociedade. Por isso, pedimos a Deus que os eleitos possam realmente dar frutos bons, com a cooperação da graça do Criador e o apoio de todos os cidadãos e cidadãs!