Páscoa: retorno ao paraíso

Dom Benedito Gonçalves dos Santos

O Ser humano foi criado por Deus para a felicidade plena e para a comunhão com o seu criador. Por isto, antes de modelar o primeiro casal. Adão e Eva, Deus preparou um Paraíso terrestre, paraíso este que o criador entregou primeiro casal, para que o administrasse, pedindo-lhe uma prova de amor, obediência, submissão ao seu Projeto de amor.

Mas, nossos primeiros pais – Adão e Eva – deram ouvidos ao tentador, desobedeceram ao criador, seduzidos por falsas promessas e assim buscando o poder e a grandeza, caíram no pecado, romperam a aliança com o Deus da vida, e, uma vez que “o salário do pecado é a morte”, tiveram que deixar o Paraíso, criando um grande abismo entre a humanidade e o Deus criador.

Mas, Deus em sua bondade, infinita cheio de amor e rico em misericórdia, tudo fez e faz para trazer novamente a humanidade ao Paraíso. Assim encontramos ao longo da História da Salvação, Deus realizando diversas alianças para conduzir o seu povo àquele Paraíso original, ao Jardim por Ele preparado, para ser a morada aqui na terra.

E, conforme nos fala São Paulo, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu próprio filho, que assumiu a natureza humana no seio da Virgem Maria, tornou-se homem e quis morar entre nós. Assim com a Encarnação do Verbo no Seio de Maria, Deus abraça a natureza humana, Jesus, Verdadeiro Deus e Verdadeiro homem, é o Sumo Pontífice, Ele é a Ponte por excelência que Deus constrói, unindo novamente a humanidade a Si, fazendo assim desaparecer o abismo criado pelos nossos pecados.

Mas, não bastou a Encarnação do Verbo, no Seio de Maria, o amor de Deus excedeu, pois, uma vez desfeito aquele abismo, tinha ainda uma dificuldade a ser sanada, a humanidade toda se encontrava com o que numa cadeia, acorrentada ao pecado, impedida de voltar para o Paraíso. E para nos libertar dessa cadeia, da morte, Cristo, sempre obediente a Deus Pai, abraça a Cruz, derrama o seu sangue, dá sua vida pela nossa libertação, pagando assim nossa dívida, morrendo na cruz.

Assim a árvore que outrora produziu o fruto que levou o primeiro Adão a pegar, agora, a mesma arvore produz o lenho da cruz, que o novo Adão, o filho de Deus, abraça para libertar a humanidade do pecado. Cristo, morto na cruz, sepultado, ressuscita ao terceiro dia, manifesta aos discípulos, revelando o caminho para retornar ao Paraíso abandonado pelo primeiro casal, reconquistando assim a felicidade perdida pela desobediência do primeiro casal.

Hoje, compete a Igreja revelar a humanidade esse mistério de amor de Deus Pai, ou seja, anunciar Jesus Cristo, caminho que conduz ao Pai, para que cada pessoa movida pela ação do Espírito Santo, demonstre sua fé, torne discípulo de Cristo, e alcance a salvação conquistada por Ele no lenho da cruz. Eis o segundo para retornar ao Paraíso.

Assim, como cristãos, discípulos missionários de Cristo Jesus, compete a cada pessoa, primeiramente ouvir a voz do Filho Amado de Deus, deixando a mesma encarne em seu coração, transfigure sua vida, para que assim, tendo um coração santo, revele o rosto de Cristo e seja para o mundo testemunha da Ressurreição  do Senhor em todo agir pastoral, e assim, a exemplo da Virgem Maria, manifeste a glória divina, defendendo e promovendo o Reino de Vida, Amor, Justiça e Paz.

Feliz Páscoa!

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