Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Viver autenticamente a espiritualidade pascal constitui um grande desafio para a Igreja e para a vida de todos os cristãos. Temos mais facilidade em acompanhar as expressivas devoções piedosas em torno da paixão: procissão do encontro, do fogaréu, sermão das sete palavras, oficio de trevas, do Senhor Morto, do que viver e testemunhar a Vigília Pascal com toda sua Luz e esplendor. Todos conhecemos a Via Sacra, ou Via Crucis, poucos conhecem a Via da Ressurreição, ou Via Lucis.
Ficamos marcados com maior intensidade na Sexta-Feira Santa que no próprio Domingo de Páscoa. Por isso, Nietzsche, de uma forma certamente exagerada e caricaturesca, debochava dos cristãos por terem sempre cara de sexta feita santa. Torna-se necessário resgatar a unidade inseparável do mistério pascal e a beleza da ressurreição de Cristo como Vitória da vida e do amor sobre a morte.
A espiritualidade pascal nos conduz a reencantar o mundo e descobrir a nova criação operada pela Páscoa. Somos pessoas novas, abertas para o serviço, para o testemunho deste evento maravilhoso da ressurreição do Senhor, para a vivência renovada da caridade fraterna exigida pelo novo mandamento, enfim, como afirmava Dom Gueranguer, para sermos “um Aleluia da cabeça aos pés”!
A Páscoa de Jesus traz um novo olhar, uma perspectiva plena da fé e da missão da Igreja, nos transforma em embaixadores da reconciliação e da Paz oferecendo o perdão generoso que restaura vidas, a comunhão viva com o Pai das misericórdias e a presença amorosa e ofuscante do Cordeiro Vencedor.
É tempo de despertar nas pessoas que nos rodeiam e na sociedade por inteiro, o poder na fé na ressurreição, tudo pode mudar para tornar mais próximo e visível o Reino do amor, da Paz, da justiça e da graça que Jesus, o Bom Pastor, veio implantar definitivamente entre nós. Que, com Maria, a Mãe da Esperança e da Alegria, possamos vivenciar e testemunhar com um coração transbordante, a Festa da Vida Nova, da Páscoa de Cristo. Deus seja louvado!