Pastorais Sociais rumo à V Conferência

As coordenações nacionais das Pastorais Sociais se reuniram em Brasília, de 16 a 18 de março de 2006, sob a coordenação da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. Traziam ampla gama de serviços prestados às crianças, jovens e pessoas marcadas pelo sofrimento e pela pobreza. Vinham de uma experiência enriquecedora da 4ª Semana Social Brasileira: O Brasil que Queremos e da Assembléia Popular de 25 a 28 de outubro: Mutirão por um Novo Brasil.

Buscavam, neste encontro, a mística e a espiritualidade da ação social. Buscavam aprofundar a Doutrina Social da Igreja. Sentiam necessidade também de traçar estratégias que articulassem mais e mais os grandes esforços empreendidos. No desenrolar da reunião, sobretudo nas reflexões e mais ainda nas celebrações, foram se esboçando os rumos nos quais todos iam apostando: as pastorais sociais devem incidir em nível de Igreja; busquem articulação em nível mais amplo e entre si, em especial com os movimentos. Articuladas entre si em fóruns regionais, as pastorais sociais suscitarão o profetismo tão necessário para vencer os desafios, para superar a falta de recursos e de pessoal especializado para atuar nas bases e nas coordenações.

A reflexão sobre a V Conferência foi um ponto que despertou atenção, exatamente pela importância de que se reveste um evento eclesial deste gênero. A preparação para esta Conferência que, por sinal, se realizará no Brasil, se baseia num documento chamado de “participação”, exatamente porque está aberto à contribuição das comunidades, pastorais e movimentos de todo o território latino-americano e caribenho, contribuição esta dada em pequenos grupos e estimulada pelos assim chamados “roteiros”.

O núcleo temático da V Conferência é: “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida – Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).O Discípulo nasce do encontro com Cristo Vivo pela contemplação de sua face, pelo acolhimento e meditação da Palavra de Deus, pela oração pessoal e comunitária e pela atenção especial aos pobres e excluídos. O Discípulo vivem em comunhão eclesial. Responde a um chamado pessoal para servir Jesus Cristo na Igreja. Age em nome de Cristo com toda a Igreja. Não se isola.

O Discípulo é para a missão: Como o Pai me enviou, também eu vos envio… Recebei o Espírito Santo (Jo 20, 21-22). Nasce no Discípulo o sentido de pertença. Ele assume a edificação e a missão da Igreja. É, inicialmente, instrumento de comunhão. Ele é impelido a sair ao encontro daqueles que têm sede de Deus e não conhecem seu rosto. Aproxima-se de diversos grupos culturais. É pobre de espírito e compartilha o abaixamento de Jesus. Como Jesus ele vai levar a Boa Nova aos pobres. Compartilha o amor misericordioso e preferencial pelos mais pobres e necessitados, destinatários privilegiados da evangelização (Puebla, n. 1141-44). É um construtor da sociedade nova em tantas urgências: a defesa da vida humana, o fortalecimento da família; a denuncia das campanhas antinatalistas, das políticas totalitárias de governos que produzem o progressivo enfraquecimento da dignidade, da liberdade e da identidade humana; a participação em uma atividade política solidária para buscar a justiça, a reconciliação, o perdão e a paz nas comunidades e nos povos; a defesa do direito ao trabalho; a distribuição eqüitativa dos bens, levando em conta sua função social; a responsabilidade pelo meio ambiente; a educação que prepare as gerações futuras da sociedade e da Igreja (cfr DP, n. 87).

Isto vem traçar um caminho de vivificação das pastorais sociais e um grande sentido de articulação, exatamente a partir de Jesus Cristo, aquele que é o único nosso Mestre, enviado pelo Pai, na força do Espírito Santo.

Dom Jacyr Francisco Braido, CS

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