A Pastoral dos Nômades divulgou uma mensagem saudando o povo cigano pelo Dia Nacional dos Ciganos comemorado nesta terça-feira, 24. Na mensagem, a Pastoral lembra as dificuldades porque passam os ciganos e ressalta o papel da Igreja junto a eles.
“A Igreja sente-se, por isso, chamada a reconhecer o itinerário Cigano no decurso da história e é interpelada pela sua cultura”, diz um trecho da mensagem.
Leia, abaixo, a íntegra da mensagem.
Dia 24 de maio: Dia Nacional dos Ciganos
A Pastoral dos Nômades do Brasil quer parabenizar todo povo Cigano pelo seu dia. Quer também agradecer publicamente a todos os seus Agentes de Pastoral, que dão a vida para levar Cristo a estes nossos irmãos “invisíveis”. Dia de festejarmos, de nos alegrarmos por esta data especial, mas, ao mesmo tempo, dia de convidarmos os Ciganos e não-ciganos, dentro e fora da Igreja, a refletir sobre a realidade Cigana no Brasil.
Desde sua chegada ao Brasil, a população Cigana tem vivido uma realidade de rejeição, alimentada pela falta de conhecimento da sua cultura, das suas características e do seu modo de vida próprios. Embora usufruindo da cidadania no país, os Ciganos, em sua maioria, são considerados cidadãos de segunda classe, gerando, de ambas as partes, uma atitude de desconfiança com tendência a fecharem-se sobre si mesmos. Só gradual e muito lentamente algumas comunidades cristãs abriram-se ao acolhimento, porém seu número é ainda muito reduzido para que os Ciganos possam descobrir o rosto materno e fraterno da Igreja.
Esta situação deveria despertar a consciência dos Católicos, suscitando sentimentos de solidariedade para com esta população. A Igreja sente-se, por isso, chamada a reconhecer o itinerário Cigano no decurso da história e é interpelada pela sua cultura. Ela deve reconhecer o seu direito a “querer viver em conjunto”, provocando e sustentando uma sensibilização com vista a uma maior justiça face a eles, no respeito recíproco das culturas, orientando os próprios passos segundo o exemplo de Cristo, em resposta às expectativas desta população na sua busca do Senhor.
A Igreja não pode esquecer a exortação do Concílio Vaticano II que convida a ter “um interesse particular por aqueles fiéis que, devido às suas condições de vida, não podem usufruir de forma suficiente do cuidado pastoral comum e ordinário dos Párocos, ou deles são totalmente privados” (CD, n. 18). O Papa Paulo VI confirmou este interesse pelo povo Cigano quando dirigiu-se a eles dizendo: “Vós estais no coração da Igreja!”
A Igreja do Brasil tem procurado viver esta experiência, buscando caminhos para ajudar os Ciganos a encontrarem cada vez mais a sua dignidade, para que possam usufruir dos diretos que todo ser humano tem, independente de sua etnia.
Aproveitando esta data, convidamos todos a darmos um passo significativo na nossa ação evangelizadora: a sairmos de uma relação de suspeita e entrarmos numa relação de confiança. E para superarmos esta desconfiança precisamos de gestos concretos de solidariedade.
Que o Bem-Aventurado Zeferino, Cigano e Mártir, ilumine a todos para que Deus possa abrir o nosso coração para acolher Jesus na pessoa do Cigano, como o irmão que Deus nos enviou para caminharmos juntos rumo à Terra Prometida, onde viveremos como uma grande família, e teremos vida e vida em abundância.
Que Deus suscite no coração dos Católicos o empenho e as Orações para que não faltem vocações comprometidas com a Pastoral para os irmãos Nômades.
Brasília, DF, 24 de Maio de 2011 – Dia Nacional dos Ciganos
Dom José Edson Santana Oliveira
Presidente da PN
Pe. Jorge “Rocha” Pierozan
Vice-Presidente da PN
Pe. Wallace do Carmo Zanon
Diretor Executivo da PN