Nesta semana, encerra-se em Roma o Ano Sacerdotal. Um grande Congresso Sacerdotal será realizado nos dias 9 e 10 de junho, com a participação de milhares de padres de todo o mundo. E, no dia 11, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o papa Bento XVI presidirá na Praça de São Pedro a grande concelebração conclusiva. Será um momento único e marcante na vida da Igreja.
Guiados pelo lema – fidelidade de Cristo, fidelidade dos sacerdotes -, ao longo deste ano voltamos nosso olhar especialmente para o Cura de Ars, um sacerdote exemplar, verdadeiro homem de Deus, de cuja morte decorrem 150 anos. Mas também lembramos tantos outros grandes sacerdotes, que edificaram e honraram a Igreja; sacerdotes próximos, ligados a nós e nossas famílias, que marcaram nossa vida positivamente. Sem que o quiséssemos, fomos também lembrados, para nosso constrangimento, de maus exemplos de sacerdotes: isso ajudou a ver mais claro o que o sacerdote não deve ser…
No próximo dia 9 de junho, a Igreja no Brasil comemora o Bem-aventurado padre José de Anchieta, apóstolo do Brasil. É outro grande exemplo de sacerdote, que honra nossa cidade. Homem culto, poeta, missionário corajoso, sacerdote incansável, verdadeiro homem de Deus, ele está na origem desta metrópole. Anchieta, Frei Galvão e Padre Mariano foram padres em São Paulo e são uma bênção para a nossa Igreja. Temos a honra e o compromisso de sermos continuadores de sua missão.
São Bonifácio é outra figura de grande sacerdote, que a Igreja celebrou no dia 5 de junho passado. Monge inglês, promoveu no início do século 8º, com coragem e dinamismo, em várias regiões da Alemanha, algo que hoje chamaríamos de “nova evangelização”. Por isso, ele é conhecido como apóstolo da Alemanha. Por fim, foi bispo, pastor solícito e vigilante sobre o rebanho e mártir de Cristo. Numa carta ao clero, fala da missão de governar a Igreja: “A Igreja é como uma grande barca, que navega pelo mar deste mundo. Sacudida pelas diversas ondas das tentações, ela não deve ser abandonada a si mesma, mas governada”. Recordando os exemplos dos grandes sacerdotes e pastores dos primeiros séculos da Igreja, como Clemente, Cornélio, Cipriano e Atanásio, ele observa: “sob o reinado dos imperadores pagãos, eles governaram a barca de Cristo, (…) a caríssima esposa de Cristo, ensinando-a, defendendo-a, trabalhando e sofrendo até o derramamento do sangue”.
Diante dos desafios e dificuldades que enfrentava, Bonifácio confessa que sentia vontade de abandonar o leme da barca de Cristo. Mas o exemplo dos grandes e santos pastores da Igreja lhe devolvia forças para permanecer firme na sua missão, exortando também os sacerdotes: “Permaneçamos firmes na justiça e preparemos nossas almas para a provação. Suportemos as demoras de Deus; confiemos naquele que colocou sobre nós este fardo. Não podendo carregá-lo sozinhos, confiemos no auxílio daquele que é onipotente e nos diz: “meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,30).
Bonifácio tem palavras inspiradas para encorajar os pastores do povo: “fiquemos firmes no combate, porque vieram sobre nós dias de angústia e de tribulação (CF Sl. 118,143)! Não sejamos cães mudos, não sejamos sentinelas caladas, não sejamos mercenários que fogem dos lobos, mas pastores solícitos, vigilantes sobre o rebanho de Cristo. Enquanto Deus nos der forças, preguemos toda a doutrina do Senhor ao grande e ao pequeno, ao rico e ao pobre, a todas as classes e idades, oportuna e inoportunamente”.
Na Igreja do passado e do presente temos, felizmente, muitos exemplos exímios de sacerdotes, que foram pastores vigilantes e corajosos do rebanho de Cristo, guias sábios e decididos, que ajudaram a barca de Cristo a atravessar os mares agitados da história. Ter lembrado o exemplo deles, foi um grande bem trazido à Igreja pelo Ano Sacerdotal! Agora é seguir as pegadas deles. Mais ainda, o exemplo de Cristo!
