Quando o Santo Padre convocou a Igreja para celebrar o “Ano Paulino” no qual estamos, o desejo de Sua Santidade é que, conhecendo melhor a vida e a ação apostólica de São Paulo, nos empenhemos na compreensão de sua doutrina.
O cristianismo nasceu no meio do judaísmo e por isto é que Jesus disse não ter Ele sido enviado senão às ovelhas perdidas de Israel (Mt 25, 24) e ter recomendado inicialmente aos apóstolos que não se dirigissem aos pagãos (Mt 10, 5), não obstante ser o cristianismo uma religião universal. No espírito do Fundador, a sua doutrina e a sua vida destinavam-se a atingir todas as nações. O escolhido para esta abertura do Evangelho às nações foi Paulo, “o apóstolo dos gentios” (At 9, 15).
Paulo nasceu em Tarso, onde floresciam escolas de letras, filosofia e ciências. As cartas paulinas deixam claro ter tido ele um conhecimento suficiente da língua grega, não um grego clássico, mas um “dialeto comum”. Em Jerusalém ele se fez discípulo de Gamaliel para o conhecimento da lei (Atos 22, 3) e assim se tornou um fariseu fanático e ardoroso defensor da lei mosaica, perseguindo os cristãos, invadindo suas casas e prendendo os que encontrasse (Atos 8, 1-3). Foi numa das suas invectivas contra eles em Damasco que Deus o surpreendeu.
Saulo era seu nome. Na altura de seus trinta anos foi interpelado por Jesus quando, sob a luz irradiante que o envolveu, ouviu o Senhor que lhe perguntava por que o perseguia. São Lucas nos narra com singular colorido ente encontro do perseguidor com o Perseguido: “Saulo, por que me persegues?”
Foi este fariseu reto e bem instruído na lei mosaica, que Deus escolheu para levar seu nome, isto é, o mistério da salvação aos gentios, como se lê nos Atos dos Apóstolos (22, 21). Nota-se ainda que São Paulo não deve ter tido acesso aos Evangelhos que hoje conhecemos. A riqueza da doutrina que prega, expressa nas suas epístolas, ele confessa ter recebido diretamente do Senhor. Ele o diz na 1ª aos Coríntios (11, 23) ao falar do dogma eucarístico: “Eu recebi do Senhor o que vos transmiti”. O mesmo ele diz a respeito do matrimonio (1ª Cor 7, 10). Sua doutrina ele a recebeu do Senhor para pregar aos gentios, aos quais fora por Deus enviado como mensageiro da salvação. É o doutor dos povos não-judeus.
“Ano Paulino”, este que estamos vivendo, é ocasião feliz para conhecer melhor a rica doutrina do Apóstolo. A sua festa no dia 25 de janeiro, comemorando a sua conversão é o momento de inflamar-nos no amor Àquele que nos chama à fé e nos destinou à felicidade que não tem fim. É bem verdade o que se lê no final dos Atos dos Apóstolos: “Aos gentios foi enviada a salvação que vem de Deus” (28, 28).