Salomão teve um sonho, no qual Deus lhe apareceu e deu-lhe a graça de fazer um pedido. Então ele solicitou a Deus sabedoria para governar bem o povo, sabendo discernir entre o bem e o mal (conferir em 1 Rs 3, 5.7-12). Belo pedido e precioso dom! Num mundo em que são realçados como maiores valores o dinheiro, a posição social e os prazeres, não há tanto lugar para a grandeza de caráter, a honestidade, o olhar para os empobrecidos e discriminados, o respeito ao meio ambiente, à vida, à família e à dignidade humana. Como é importante para os que governam a sabedoria. Esta os faz trabalhar realmente pelo bem comum, a despeito de tantas possibilidades de corrupção, ganância, desrespeito ao povo e ao que lhe pertence!
A sabedoria provinda do Alto dá condições para a pessoa distinguir o bem do mal, a ponto de não se deixar levar pelo caminho mais fácil e usar o poder para servir realmente a coletividade, ao invés de se servir dela para fins pessoais. Neste ano em que se fazem as eleições municipais vale a pena os eleitores saberem escolher quem tem a real sabedoria para governar ou legislar conforme os ditames éticos. Assim o cargo político vai melhor atingir sua finalidade de promoção do bem comum. Os partidos deveriam fazer uma triagem séria de seus candidatos para escolher quem tem competência ética e preparo adequado para o bom exercício do cargo pleiteado. Eles também deveriam ser responsabilizados por maus candidatos que lesassem os reais interesses do povo.
A consciência do voto cidadão é promovida através da educação, a partir da família e dos órgãos públicos e privados, como ato contínuo de estímulo para o conhecimento dos candidatos, bem como através da responsabilização pela escolha dos mesmos. A sabedoria é requerida por parte dos eleitores e dos eleitos. Assim, teremos um verdadeiro reino de justiça, da promoção do bem social e do desenvolvimento com efeitos positivos para todos.
Jesus fala sobre o reino dos céus como um tesouro escondido. Buscá-lo requer esforço, luta, sacrifício e muitas renúncias (Cf. Mt 13, 44). Esse reino começa na terra, qual uma escada a ser subida para se chegar ao patamar superior. É um caminho estreito, exigente de despojamento e altruísmo. No entanto, é o único apropriado para levar ao objetivo realizador da vida. Se quisermos um convívio na terra capaz de dar a todos oportunidade de vida de qualidade, é preciso haver união, solidariedade, justiça e promoção de convivência benéfica para cada um. Isto não se dá sem nos organizarmos e darmos de nós pelo bem coletivo. O Filho de Deus nos ensina que só dando de nós em benefício do semelhante conseguimos alcançar o reino de felicidade. Essa grande verdade é percebida já na convivência social. Quando há justiça, altruísmo, promoção do benefício para cada um, a partir dos mais deixados de lado, há paz e felicidade para todos.
Por outro lado, quem ama a Deus de verdade tudo faz para realizar sua vontade. Esta se dá na convivência realmente humana e promotora da dignidade de todos. O apóstolo Paulo lembra ‘que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rom 8, 28).