Pentecostes – Epifania do Espírito Santo

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

Caros diocesanos. No Tempo do Natal, que já celebramos no início do ano litúrgico, a Igreja comemora uma solenidade chamada Epifania, com o significado de manifestação do Senhor a todos os Povos. Neste contexto, a liturgia traz presente, na figura dos magos do oriente, a apresentação ou manifestação (Epifania) do Senhor como o Salvador de todos os povos, raças e línguas. O Messias veio para salvar toda a humanidade. Na presente reflexão usamos a palavra Epifania como revelação do Espírito Santo em Pentecostes, quando Ele se manifestou em forma de línguas de fogo sobre os discípulos, no cenáculo de Jerusalém (At 2, 1-10). Começou então o anúncio do Evangelho a todos os povos e nações e para todos os tempos.

Santo Irineu (séc. II) afirma que o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes com o poder de fecundar, de dar vida a todos os povos e fazê-los participantes da Nova Aliança: “Eis porque, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações” (LH, vol. II, Solenidade de Pentecostes, p. 926). Segundo São Paulo, é o Espírito Santo que une, congrega e forma a Igreja como um só corpo, embora constituída de muitos membros (1Cor 12, 12ss). Referindo-se à unidade e à vivificação do Espírito, continua a dizer Santo Irineu: “Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não podemos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto” (Ibidem).

Este Espírito Santo, que se manifesta, que fecunda e une, está verdadeiramente atuante na vida cristã e, sobretudo, em cada ação litúrgica; sem a sua presença (Epifania) simplesmente não há liturgia, pois nela acontece uma espécie de sinergia (força conjunta, cooperação, parceria, colaboração) entre o Espírito Santo e a Igreja. Nesta ação conjunta o Espírito cria condições em nós para participarmos do mistério celebrado; recorda e manifesta o mistério de Cristo que é atuado na ação litúrgica; transforma-nos, tornando real em nós a Páscoa de Cristo; Ele nos congrega na comunhão de um só corpo eclesial (cf. CIgC 1093-1109).

Portanto, o Espírito Santo está presente e age na vida e missão da Igreja, em todos os tempos e lugares, seja pelos sacramentos, seja pelos múltiplos carismas e ministérios. O dom especial do Espírito Santo, prometido por Cristo e enviado aos apóstolos no dia de Pentecostes, é ministrado pela Igreja, sobretudo através do Sacramento da Confirmação ou Crisma, que torna os fiéis cristãos adultos na fé, comprometidos com a Igreja e testemunhas autênticas de Cristo. A Igreja até usa a expressão: “Bom odor de Cristo”. Os fiéis, já renascidos pelo Batismo, são fortalecidos pelo Sacramento da Confirmação ou Crisma e continuam a ser nutridos pela Eucaristia, realizando a unidade dos sacramentos da Iniciação à Vida Cristã.

Pela Confirmação ou Crisma os fiéis recebem o Espírito Santo como especial dom de Deus, perpetuando na Igreja o Pentecostes de Jerusalém e tornam-se testemunhas, por palavras e por obras, como discípulos missionários das maravilhas de Deus (At 2, 11). A solenidade de Pentecostes seja nova Epifania do Espírito que nos torna autênticos missionários de Jesus Cristo, sobretudo agora, no difícil tempo de pandemia.

 

 

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