Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)
A Igreja celebra neste domingo, 28 de maio, a Solenidade de Pentecostes. Cinquenta dias após a Páscoa, Ressurreição de Cristo, os apóstolos, reunidos com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14), receberam a efusão do Espírito Santo. Jesus mesmo, estando ainda com eles, no cenário da Páscoa judaica, havia prometido que o Espírito Santo viria: Jo 14,12-17 – “Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei. Se me amais, observareis os meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, que ficará para sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e está em vós”; Jo 14,24-26 – “Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”; Jo 15,26s – “Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo”; Jo 16,7 – “No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós”; Jo 16,13s – “Quando ele vier, o Espírito da Verdade, vos guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir, ele me glorificará, porque receberá do que é meu para vos anunciar”.
Na fé da Igreja nós reconhecemos que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, conforme Gn 1,2. A criação acontece por meio dele e do Filho, segundo a imagem do qual o homem e a mulher foram criados (Gn 1,26s). O Espírito Santo agiu nos patriarcas, nos juízes, nos sacerdotes, nos profetas, nos reis e será, sobretudo, no Messias que ele habitará. Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria e no batismo de João recebeu o Espírito para proclamar a boa nova (cf. Lc 3,21-22 par. Cf. Lc 4,18-21, citação de Is 61,12). Jesus sempre agiu com o Espírito Santo, principalmente revelando que por meio dele expulsava os demônios, exultou no Espírito por causa da ação reveladora aos pequenos, mas sobretudo nos capítulos 13 a 16, do Evangelho de São João, apresenta a promessa do Espírito Santo aos seus seguidores, a fim de que permaneçam na unidade do chamado e do anúncio da salvação. Ele entrega o Espírito aos apóstolos no dia mesmo da Ressurreição (cf. Jo 20,19-23). E, no dia de Pentecostes, a efusão do Espírito Santo dá início à vida pública da Igreja com o anúncio de Pedro e a ação dos outros apóstolos, como podemos ver no livro dos Atos. A Igreja, por isso mesmo, chamada de “apostólica”, vive desta experiência da presença e da ação do Espírito Santo. É esta presença que torna possível a unidade da Igreja.
Na ação do Espírito Santo está o testemunho que ele dá do Senhor Jesus e o nosso testemunho. Assim, o nosso testemunho de Jesus une-se ao testemunho do Espírito: recebemos o Espírito Santo para testemunhar que Jesus é o Senhor. De fato, como diz São Paulo, “ninguém será capaz de dizer: ‘Jesus é Senhor’, a não ser sob a influência do Espírito Santo” (1Cor 12,3). Estar sob a influência do Espírito Santo significa viver segundo o Espírito. Esta vida só é possível porque somos guiados pelo Espírito em toda a verdade. Mas, a vida segundo o Espírito é a vida das bem-aventuranças, das obras de misericórdia, da vivência do mandamento novo do amor, da caridade pela qual a fé é sempre viva. Que todos vivam sob a docilidade do Espírito Santo! Amém.