Em geral desejamos ganhar em qualquer competição e de todos os adversários. Muitos, a todo custo, mesmo colocando em risco a própria altivez de caráter, passando por cima das pessoas e da honestidade, tudo fazem para obter vantagens e lucro. Neste caso, não importa prejudicar o semelhante, os mais fracos, a sociedade e até o meio ambiente. Há quem fique rico às custas de lesar o semelhante, o bem público e a dignidade humana.

Não bastam as prisões para se superarem as violências, a corrupção e todo tipo de dano às pessoas e à comunidade. É preciso educar a todos para a cidadania. Esta, permeada com os valores maiores da ética e da grandeza moral, é formada a partir de famílias devidamente preparadas para a convivência na formação de valores como o respeito ao semelhante, ao compromisso com o bem público e comum, o respeito à pessoa humana, à dignidade dos mais indefesos e da natureza.

No mundo da propaganda valorizadora mais do ter, do bem estar procurado sem compromisso, da busca de benefícios pessoais em detrimento e desvalorização do ser da pessoa humana, é possível apresentar um encaminhamento diferenciado. Jesus nos chama a isso. Mesmo quem não o quer aceitar pode perceber o quanto Ele nos humaniza com o exemplo e o ensinamento do altruísmo. Com este, aprendemos melhor que o bem dos outros é o nosso bem. O respeito à vida ajuda a nossa própria existência. A grandeza de alma vale mais do que qualquer benefício material. A fama pela honestidade e comportamento ético é maior do que qualquer tesouro de valor pecuniário. Mas, no âmago da proposta do Filho de Deus, está a possibilidade da realização plena do ser humano. O segredo está na doação de cada um pelo bem do outro. Estamos no mesmo barco da vida. Cuidar dele e deixá-lo em boas condições de navegabilidade é nossa salvação. Viajarmos no entendimento e boa convivência nos dão garantia de tranquilidade e de chegarmos ao objetivo da viagem.

Eis a questão colocada por Jesus: “Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12, 25). Sensivelmente ganha, aos olhos de muitos, quem aparenta mais prosperidade na ordem material, intelectual e social. No entanto, realmente ganha, quem tem honradez moral, quem beneficia mais o semelhante e a sociedade com a própria doação. A segurança pública, tema da Campanha da Fraternidade, é conquistada e promovida por todos os que se responsabilizam pela boa convivência familiar, comunitária e social. Todos desejamos a paz interna e a social. Somente as conquistamos com a justiça da resposta ao amor de Deus, dando também de nós pelo bem do outro.

Jesus, mesmo sofrendo com o suor de sangue por saber de sua condenação e morte iminentes, foi até o fim com a missão apresentada pelo Pai. Sua doação foi total. Poderia responder à agressão com agressão. Do alto da cruz, pediu perdão para os criminosos. Ele nos ensina que somente consertamos o mundo com o amor misericordioso!

Dom José Alberto Moura

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