Dom Edney Gouvêa Mattoso 
Bispo de Nova Friburgo 

Os turistas viajam calculando os pormenores de seu caminho para evitar os imprevistos que podem complicar o périplo. Pelo contrário, os peregrinos deixam-se levar por outro, Outro com maiúscula. Postos nas mãos de Deus lhe deixam uma grande margem para que seja Ele quem venha surpreendê-los com um dom, uma graça, aparentes desventuras que não entram nos cálculos humanos de quem transita por mundos desconhecidos. 

O horizonte do mundo, da Igreja é maior que as diárias fronteiras de nossa vida. Nova Friburgo é uma terra particularmente bela por sua história e geografia, com um povo aguerrido e marcado pela nobreza de sua bondade e receptividade. A Diocese de Nova Friburgo, composta por seus 19 municípios, completará 60 anos de um caminho que gera santos para o céu, mártires do silêncio, do sorriso, da perseverança e dos sonhos, e tantos cristãos com suas diferentes vocações que dão a vida por um ideal repleto de esperança: repartir com as mãos cheias, dando a Deus e ao próximo.  

Mas, apesar destas verdades tão gratificantes, Deus nos mostra que o mundo e a Igreja possuem um mapa mais complexo e imenso, que dilata o nosso olhar e ajuda a compreender que as situações da vida, as provas e a compreensão de sucessivos sinais não esgotam a boa-nova do Amor de Deus, que nos ensina a ver com as pupilas do coração o “faça-se segundo a Sua vontade”. 

Um peregrino rumo ao Céu sempre dá tudo e nunca deixará de receber 100 vezes mais ao ponto de constranger-se e ficar comovido com gratidão sincera. Quantas coisas recebemos ao longo de anos através de crianças, jovens, casais, idosos, famílias…de pessoas que começavam a caminhar na fé e de muitos outros que levavam anos professando seu amor por Jesus Cristo.  

Especialmente o Domingo é o dia do peregrino que segue as pegadas do Mestre da Galileia e tenho a feliz recordação de inúmeras vezes, entre Matrizes e Capelas, perceber o povo de Deus que celebrava o dia do Senhor com a alegria que brotava da alma, aquela que contagiava e ressuscitava, aquela que nos fazia recordar o anúncio cristão da igreja primitiva: veja como se amam! 

Quem está a caminho, peregrinando rumo a Deus, descobre que existem lágrimas que não desesperam, mas risos que confiam, há perseguições que não levam à conversão e silêncios que não acalentam, porém existem amigos que tiram de si sem debilitar-se e irmãos que estão ao lado para sustentar.  

Cabe a nós decidirmos entre turistas ao Céu ou peregrinos que terminarão a jornada como bem-aventurados. Se optarmos por sermos peregrinos teremos entre muitos amigos, os Santos, o exemplo dos que viveram e agradeceram fazendo-se sábios pela humilde gratidão com a perseverança de todo recomeço.  

Viver como peregrinos de Cristo é sempre desejar uma feliz boa-nova de uma missão que não termina…até o Céu somos testemunhas de uma fé inabalável como católicos, apostólicos e romanos. Feliz missão que não termina!  

 

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