Pescadores de sonhos, de vida, e respeito para as águas 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

 

No mês do cuidado à Casa Comum e Meio Ambiente, a presença dos pescadores que celebram sua vida e missão junto ao seu padroeiro São Pedro, no dia 29 de junho, vale a pena refletir seu inestimável contributo para a proteção dos rios, manguezais e oceanos.  

Apesar de sermos um país com um imenso litoral e de grandes bacias hidrográficas, a atividade pesqueira artesanal tem sido marginalizada da economia brasileira e gravemente ameaçada com os megaprojetos portuários e a prospecção petroleira em alto-mar, além de luxuosos loteamentos instalados à beira-mar especialmente na denominada Cancún brasileira.  

Com a extinção da Superintendência de Desenvolvimento Pesqueiro, e a revogação do Decreto-lei nº 1217, foram diminuídos, sensivelmente, os incentivos à pesca. Falta de recursos, como linhas de crédito, e dificuldades de acesso aos mercados; falta de infraestrutura para conservação do pescado; políticas públicas de proteção aos locais, e comunidades de vida dos pescadores, e a falta de suporte tecnológico, são fatores de enfraquecimento e paulatina degradação, e crise desta atividade, vital para populações ribeirinhas e litorâneas.  

Condena-se a miséria e a marginalização aos pescadores, privando-os de sua dignidade e da possibilidade de exercer sua profissão com honra e segurança. As comunidades de pescadores vão desaparecendo com a indiferença e prepotência de projetos, que mercantilizam a vida e a água, sem se importar com as pessoas e as famílias.  

Defender a causa dos pescadores é afirmar a segurança e soberania alimentar para estas populações, garantir emprego e dignidade em zonas costeiras e rurais, proteção e resguardo dos ecossistemas marinhos, e a integridade e limpeza dos oceanos. Que São Pedro, Pescador, proteja seus irmãos e irmãs nesta profissão de coragem, paixão pelo mar, e de resguardo e proteção das águas. Deus seja louvado! 

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