Por que o Sínodo da África se centra na reconciliação?

A abertura à reconciliação “é o barômetro da profundidade da evangelização de uma pessoa, de uma família, de uma comunidade, de uma nação, como também

das Igrejas particulares e universal”.

Assim afirmou nesta manhã o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, arcebispo de Cape Coast (Gana), durante sua intervenção na primeira sessão da 2ª Assembleia Especial para a África, do Sínodo dos Bispos.

“A justiça não é só pedir reparação. Sempre há necessidade do amor e da força de Deus. No fundo, não podemos continuar adiante sem conhecer a misericórdia”, assegurou o purpurado durante uma coletiva de imprensa na qual foi apresentada a primeira jornada de trabalho desta assembleia sinodal.

Ao tocar no tema da misericórdia, afirmou que esta “não anula, mas vai além da justiça humana”; e garantiu que, para isso, é importante, em primeiro lugar, “o anúncio da Boa Nova e a sua assimilação”.

Frente às situações de conflito, “parece urgente começar uma nova evangelização também lá onde a Palavra de Deus já foi anunciada”.

Durante sua intervenção na assembleia sinodal, o cardeal explicou que a situação do cristianismo no continente “muda de um país para o outro”, “do Egito, Etiópia e Eritreia, onde se amadureceu a continuidade do cristianismo com os tempos apostólicos, até à África Subsaariana, onde algumas Igrejas particulares celebraram 500 anos de fundação, enquanto outras recordaram solenemente o primeiro século de evangelização”.

“Se formos da costa para o interior do continente, existem países em que os primeiros missionários chegaram há 50 anos”, acrescentou.

“De qualquer forma, todos os cristãos são chamados a reconciliar-se com Deus e com o próximo. Nessa urgente e permanente tarefa, eles devem ser guiados pelos pastores, bispos, sacerdotes, religiosos, diáconos, como também pelas pessoas de vida consagrada”, enfatizou o purpurado.

O cardeal aludiu à citação central sobre a qual se reflete na assembleia sinodal: “Vós sois o sal da terra (…), vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14).

Estas fortes palavras, “que são ao mesmo tempo a constatação da dignidade cristã e um convite a vivê-la melhor, são dirigidas a todos os cristãos, hoje de modo particular aos da África”.

“Eles sabem, na graça do Espírito Santo, que a resposta afirmativa pressupõe a conversão e a firme vontade de seguir Jesus Cristo”, indicou o cardeal.

Recalcou que a Igreja na África tem a tarefa de “iluminar ainda mais as complexas realidades do continente com a luz do Senhor Jesus, tornando-se cada vez mais o sal da terra africana, dando gosto divino às realidades de todo tipo”.

“Somente unidos a Ele, que dá sentido a tudo o que existe e, sobretudo, à existência humana, os cristãos podem desempenhar a vocação de ser sal da terra, de oferecer o sabor divino, eterno, aos bens terrenos, às coisas materiais das quais se devem servir para realizar a sua vida humana de maneira cristã”, concluiu.

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