Presidente da Assembleia Eclesial da Amazônia fala sobre a 1ª assembleia do organismo, que acontece em Manaus (AM)

Às vésperas do início da Assembleia da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), que será realizada presencialmente pela primeira vez em Manaus (AM), de 8 a 11 de agosto, seu presidente, arcebispo de Huancayo (Peru), cardeal jesuíta Pedro Barreto, lembra que, “como disse São Paulo VI, ‘Cristo aponta para a Amazônia’. E com Francisco afirmamos que ‘da Amazônia, Cristo aponta para a Igreja’”.

Criação da REPAM

Consciente da importância desta Assembleia para o futuro da missão evangelizadora da Igreja na Amazônia, o cardeal Barreto recorda que “o processo sinodal da Igreja na Amazônia começou formalmente com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), em 14 de setembro de 2014, promovida pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), da Confederação Latino-americana de Religiosos (CLAR), Secretariado Latino-americano e Caribenho de Cáritas (SELACC) e pela Comissão Amazônica da Conferência Episcopal do Brasil, então presidida pelo cardeal Cláudio Hummes, que assumiu a presidência da REPAM”. A partir daquele momento, as sete Conferências Episcopais que compõem o território amazônico apoiaram a REPAM e, sucessivamente, as 105 jurisdições eclesiásticas da região amazônica fizeram o mesmo.

Sínodo Amazônico

“Posteriormente, a 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco nos surpreendeu ao convocar um Sínodo especial para a Amazônia, com o propósito de buscar novos caminhos para a evangelização dessa porção do Povo de Deus”, continua o presidente da CEAMA. O Cardeal Barreto destaca ainda a atenção especial dada por esse sínodo aos povos indígenas, “muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise do crescente desmatamento da Amazônia, um pulmão de grande importância para nosso planeta”.

Naquele sínodo, realizado em Roma entre 4 e 27 de outubro de 2019, a REPAM teve um papel fundamental, a pedido do Papa Francisco, que explicitou esse desejo durante sua visita a Puerto Maldonado, na Amazônia peruana, a 18 de janeiro de 2018.

Origem da CEAMA

As reflexões e os discernimentos que o Sínodo Pan-Amazônico provocou, a partir de seu tema “novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, bem como os resultados dessa assembleia, deram origem a mais de cem propostas pastorais incluídas no Documento Final. Uma delas, a de nº 115, se refere à criação de um organismo eclesial permanente e representativo para promover a sinodalidade entre as jurisdições eclesiásticas da região e ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja, em coordenação com o CELAM e a REPAM.

Outra das referências fundamentais para a CEAMA foi a Exortação Pós-Sinodal “Querida Amazônia”, que “o Papa Francisco nos entregou em 2 de fevereiro de 2020. A Amazônia se mostra ante o mundo inteiro em todo o seu esplendor, seu drama, seu mistério”, disse o Cardeal Barreto. “Além disso, nos mostra os quatro sonhos da Igreja para a Amazônia: social, cultural, ecológico e eclesial”.

Cardeal Hummes, 1º presidente da CEAMA

Em uma carta endereçada dia 2 de abril de 2020, o cardeal Hummes expressou profeticamente que “estamos iniciando a fase mais significativa do processo sinodal, por ser aquela na qual podemos colocar em ação esse amor pela querida Amazônia, inspirados nas palavras da exortação apostólica pós-sinodal: “Querida Amazônia”.

No dia 29 de junho de 2020, o cardeal Dom Cláudio Hummes foi eleito o primeiro presidente da CEAMA, responsabilidade que assumiu com verdadeira parresia até março de 2022, quando, por motivos de saúde, apresentou sua renúncia.

“Ele nos deixou a tarefa de consolidar a CEAMA como um organismo da Igreja Católica, com status legal, canônico e público”, afirma seu sucessor, o Cardeal Pedro Barreto. “Esse desejo se concretizou com a aprovação dos Estatutos pelo Decreto Pontifício de 3 de outubro de 2022, três meses após o falecimento de Dom Cláudio. Portanto, este organismo é novo, original, sem precedentes, porque é eclesial e porque é regional”.

Quem participa na Assembleia da CEAMA?

A realização da primeira Assembleia da CEAMA responde a esses estatutos e ao desejo manifesto da sua Presidência, para a qual foram convocados cinco representantes para cada uma das Conferências Episcopais que compartilham o bioma amazônico (Antilhas, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela): um bispo, um sacerdote ou diácono, uma religiosa ou religioso, uma leiga ou leigo e um representante dos povos originários.

Além disso, são membros da Assembleia um representante de cada uma das organizações fundadoras: o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR) e o Secretariado Latino-Americano e Caribenho da Cáritas (SELACC).

Com informações de Óscar Elizalde Prada – ADN CELAM e tradução de irmão Hugo Bruno Mombach, FSC

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