O presidente da Cáritas Brasileira e bispo de Jales (SP) se encontra no Haiti desde o início desta semana. Ele está naquele país em nome da Cáritas Brasileira, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Cáritas Internacional. O motivo da visita é firmar um projeto da Cáritas Brasileira e Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) para abrir uma missão em Porto Príncipe, além de conferir os projetos da Cáritas Brasileira e Internacional em favor das vítimas do terremoto que devastou o país no dia 12 de janeiro.
“Quando a viagem é importante, não se espera o regresso. Manda-se uma carta. É o que estou fazendo, na tentativa de transmitir ao menos algumas impressões, para depois com mais calma partilhar propostas concretas de cooperação com o povo haitiano”, disse em artigo, dom Demétrio sobre a viagem.
Na quarta-feira, 14, ele participou de uma audiência com o administrador apostólico da arquidiocese de Porto Príncipe, Joseph de La Fontaine. O administrador substitui interinamente o arcebispo que morreu durante o terremoto, com o desabamento da catedral. “Deste encontro, saíram algumas ideias interessantes”, comentou dom Demétrio. “Uma delas, que já está sendo implementada aqui no Haiti, é a construção de escolas multiusos”.
O projeto das escolas trata-se de um trabalho com material de maior resistência, sobretudo madeira, ferro, telhas de zinco. Os locais seriam salas de aula para estudantes dos ensinos fundamental e médio e serviriam também para reuniões, encontros pastorais e celebrações. Ainda na quarta-feira, dom Demétrio visitou uma dessas construções.
Dom Demétrio também participou de uma segunda audiência com o presidente da Conferência dos Bispos do Haiti, dom Louis Kébreau. Durante o diálogo, dom Louis destacou que 40 mil pessoas migraram da capital para as cidades do interior. Isso afetou, por exemplo, as eleições gerais, que aconteceriam em breve, mas foram canceladas. O presidente da Conferência Episcopal do Haiti chegou a desabafar para dom Demétrio sobre a atual situação do seu país. “Se não houver uma mudança de postura dos governantes, haverá aqui uma convulsão social, numa rebelião do povo”. Dom Louis continuou dizendo que os haitianos estão cansados desta situação e pode haver uma rebelião popular a qualquer momento. “Tudo por aqui é importado dos EUA. O que existe por aqui é a cultura da corrupção. Por isso, as pessoas são frustradas, desesperadas e desanimadas”, concluiu.
Audiência com o Núncio Apostólico do Haiti
A terceira audiência foi com o núncio apostólico para o Haiti, dom Bernadito Auza. O encontro aconteceu na parte nobre da cidade, local com grandes mansões, onde se percebe as diferenças sociais daquele país. “Aqui eu percebi claramente a diferença ente os cerca de 0,5% da população detém a riqueza do país e os 99,5% que vivem na mais absoluta miséria”, disse dom Demétrio. Durante a reunião o núncio ressaltou a importância da reconstrução das igrejas e dos espaços paroquiais. Segundo ele, já existe um projeto de reconstrução da catedral e dos seminários.
Neste fim de semana, a Cáritas Internacional, com a presença das Cáritas Latino americanas, se reúne no Haiti para juntas refletirem sobre a maneira de colaborem na ingente tarefa de refundar o Haiti.
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