Prevalência da democracia

Ao tempo em que elegemos nossos prefeitos e vereadores, celebramos os 20 anos de nossa Carta Magna, a Constituição Federal (CF), que faz prevalecer a democracia representativa e auspicia a democracia participativa. Cidadãos e cidadãs brasileiros, nós temos muita estrada a percorrer abrindo novas sendas da história, talhando o seu caráter participativo e não somente representativo. Nossa cultura democrática ainda precisa de investimentos consideráveis. Nosso conhecimento sobre o caráter participativo está atrelado a informações e discursos emotivos. Na verdade, nosso povo está distante do apreço aos princípios e valores, no entanto, presentes na nossa Constituição.

Nosso imaginário cultural entende participação popular pela amostragem de algum movimento, de alguma manifestação reivindicatória, ou alguma greve de categoria. Os canais participativos, tais como os conselhos estaduais e municipais de cidadania, nos campos da saúde e da educação (por exemplo), não são ocupados porque poucas lideranças estão capacitadas ou bem preparadas para essas funções. No entanto, a nossa Constituição estimula e favorece várias formas de participação popular.

Ademais, a sociedade é plural. Mudam com rapidez alucinante os modos de pensamento e de comportamento. Diante de uma sociedade em contínuas mudanças, precisamos procurar novos caminhos participativos, entender sobre leis, adquirir habilidades, novas experiências e conhecimentos. O processo pedagógico democrático participativo está sendo aviado aos poucos. O exemplo da presente campanha eleitoral nos surpreendeu por sua formatação contraditória. De um lado, candidatos apresentando propostas transparentes, oferecendo alternativas. Bom nível de discussões de propostas e contra propostas. O povo se interessou! A coisa pegou! Do outro lado, a reprodução do atraso. Candidatos despreparados, nitidamente a serviço de si mesmos. Cabos eleitorais e gente acostumada a receber favores de candidatos querendo vender seu voto, na tentativa de corrompê-los!

Conclusão: o povo precisa ser educado para participar. Os partidos precisam selecionar seus candidatos e acompanhá-los com propostas voltadas para a coletividade. A pedagogia do processo educativo das novas gerações passa necessariamente pelos partidos, pela mídia – grande veículo informativo e formativo, e pelas instituições que mantêm sua co-responsabilidade social.

Enfim, o nível de qualidade da democracia brasileira deve ser processual e gradativa. As abóboras se acomodam no andar da carroça. A peleja democrática participativa deve superar a falsa cultura de confundir gestão da coisa pública como se fosse gestão a serviço de pessoas ou grupos oportunistas. Mais. Para gerenciar a coisa pública precisa-se de equipes com capacidade intelectual e técnica, não de gente indicada estrategicamente, acomodando interesses político-partidários.

Dom Aldo Di Cillo Pagotto

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