Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
“Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!”
Após a entrada triunfal de Jesus a Jerusalém, os próximos passos para o Projeto da Salvação se instaura, onde o beijo da traição, a prisão, o julgamento injusto ao Justo, o açoitamento precederam a crucificação d’Aquele que não deixou de cumprir sua missão até o fim “doar a vida pelo irmão”!
Nosso Senhor Jesus Cristo, seguiu sua missão pacientemente, sem temer por aquilo que o esperava, afinal o Salmo 26 estava presente naqueles momentos com ele: “Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei” (Sl 26, 3). Confiança a qual Cristo não deixou em nenhum momento de acreditar no Senhor, confiando assiduamente nas palavras que Isaías proferiu “Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra” (Is 42, 4a).
Ora, ao viver estes momentos, Jesus nos demonstra duas lições valiosas:
1 – Confiar sem medidas no Senhor; a confiança que Cristo tem Àquele que pode salvá-lo da morte demonstra que mesmo vivenciado o dilema humano e divino, a qual sofreu a tribulação do ser homem onde “é o encontra mesmo entre luz e trevas, entre vida e morte – o verdadeiro drama da escolha que caracteriza a história humana” (Jesus de Nazaré vol.2, Papa Bento XVI). E, mesmo vivendo este dilema, Cristo confia sem medidas e confirma que sem a cruz, não se chega ao sucesso de “que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes” (Sl. 26, 13);
2 – Doar a vida pelo irmão! A Campanha da Fraternidade 2020 nos convidou e ainda nos convida durante todo o ano litúrgico a vivenciar este tema. Fato é que o exemplo de doação que Cristo nos deixou é o uma das mais sublimes e, o mínimo que ele nos pede é deixarmos o INDIVIDUALISMO e a INDIFERENÇA que tornam-se empecilhos em nossa sociedade para vivenciar o AMOR.
Vivemos um momento de duplo recolhimento: pela Paixão e Morte de Jesus e pela preservação da vida em virtude da pandemia do Coronavírus. Por isso devemos rezar de maneira redobrada. Nós na oração temos que ser capazes de apresentar a Deus as nossas dificuldades, o sofrimento de certas situações, de determinados dias, o compromisso quotidiano de O seguir, de ser cristãos, e também o peso do mal que vemos em nós e ao nosso redor, para que Ele nos infunda esperança, nos faça sentir a sua proximidade, nos conceda um pouco de luz no caminho da vida.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ensina sinteticamente: “A oração de Jesus durante a agonia no Jardim do Getsémani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as acolhe e escuta, para além de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos” (n. 543). “Verdadeiramente, “em nenhuma outra parte da Sagrada Escritura olhamos tão profundamente para dentro do mistério interior de Jesus, como na oração no Monte das Oliveiras” (Jesus de Nazaré II, 177).
Assim, confiantes em Cristo, sejamos nós tocados nesta Semana Santa a ouvir o chamado da Justiça, do Amor e da Caridade. E tomarmos a nossa cruz de cada dia e confiar na misericórdia e no plano de salvação que Deus instaurou a nós.
Saudações em Cristo! Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!