Promover a cultura da Paz, da Reconciliação e da Justiça

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

O tema da Campanha da Fraternidade 2018 nos traz o mordente desafio da Superação da Violência que se tornou um processo estarrecedor e letal, ceifando vidas, deixando, além de numerosas e incontáveis vítimas, as pessoas reféns do medo e da insegurança.   O lema é profundamente evangélico: “Vos sois todos irmãos” (Mt 23,8), apontando que a Paz e a resolução dos conflitos e da violência passa por um construto coletivo de pactuação e diálogo, pois a palavra Paz deriva do conceito “pangere”, fazer acordo.

Na sistemática habitual do texto-base, o Ver nos apresenta o fenômeno e as causas das várias violências, desde a estrutural, ligada a profunda e iníqua desigualdade, até o cenário cada vez mais perigoso do trânsito, mostrando as raízes da cultura da violência, a defasagem institucional e os setores e grupos atingidos. O Julgar, parte das origens da violência com o caso Caim, a lei do talião e o decálogo como tentativas de contenção, a nova mensagem do Evangelho de Jesus convocando para a reconciliação e a Paz.

A constatação de que a violência brota do coração humano, mas, a esperança certa, da Vitória da Cruz onde o Filho se torna Dom oferecido ao Pai para o perdão e a libertação. A Igreja, como promotora do diálogo e da dignidade da pessoa, a importância do Dia Mundial da Paz, e o contributo do Decálogo de Assis para a Paz. No Agir, se propõe ações e atitudes para a superação da violência, iniciando pela Pessoa e a família, deve ser estimulada a fraternidade, a ternura e a compaixão através do diálogo, a comunicação não violenta e empática e o perdão.

A nível comunitário, promover a justiça restaurativa, as obras sociais transformadoras e a espiritualidade da Paz reconciliadora e inclusiva. Finalmente, a nível social, defender políticas públicas que integrem e façam valer os direitos sociais, consolidar o Estatuto da Criança e do Adolescente visando ao desenvolvimento integral e sustentável, o Estatuto do Desarmamento junto a um Plano de segurança pública centrado na defesa social e policiamento comunitário e integrado a cidadania, a luta sem tréguas contra o tráfico humano, a dependência química das drogas e exploração sexual, implementação dos Conselhos Municipais e Estaduais da Juventude, instaurar Defensorias Públicas, agilizar as reformas agrárias e do solo urbano, reforma Política, fortalecimento do Diálogo Ecumênico e Inter- religioso contra a intolerância e educação para um trânsito consciente, solidário e seguro.

A Paz social acontece quando saímos da indiferença para o convívio respeitoso e tolerante, e quando firmamos vínculos de solidariedade e Fraternidade que fazem brotar a justiça como um rio caudaloso. Que o Pai das Misericórdias e da ternura compassiva nos torne construtores de uma sociedade sem violência na Paz do Reino!

 

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