Arcebispo de Florianópolis
O próximo – Um doutor da lei pergunta: quem é o meu próximo? E Jesus responde narrando a parábola do Bom Samaritano. A parábola inverte a pergunta. Não se trata tanto de saber quem é o próximo, mas ser o próximo de quem se encontra em necessidade. Não basta ter um conceito e manter-se indiferente, como o sacerdote e o levita da parábola. Para ser próximo do outro é preciso ter compaixão. “Proximidade, afinidade e serviço”, segundo Papa Francisco, são os critérios para a ação pastoral.
A partir das atitudes do Bom Samaritano é possível estabelecer um programa quaresmal com os seguintes passos. 1) Dedicar-se à escuta da Palavra que converte o coração; 2) Ter verdadeira atenção para com o outro; 3) Romper com a indiferença frente ao sofrimento do outro; 4) Ser disponível para o serviço.
A Quaresma é um caminho que conduz à vida nova revelada na Páscoa. Este caminho pede jejum, oração e esmola. O jejum ajuda a esvaziar-se de si e abrir-se ao outro. A oração é aproximação, nova relação, ocasião em que se é tocado pelo amor de Deus. A esmola é partilha de vida, cuidado amoroso; é encontro com o próximo é exercício do compromisso. Para o outro, o próximo é cada um de nós.
Quaresma é tempo de exercitar o olhar. Olhar é interessar-se pelo outro e pelo mundo em que se vive. É tempo de evitar o olhar que expressa indiferença, ódio, desprezo, tristeza, maldade, mentira. É importante aprender a ter o olhar do Bom Samaritano: olhar com interesse, com alegria, com esperança, com confiança, com compaixão, com perdão e verdade.