Quaresma e Campanha da Fraternidade 2022

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

 

Caros diocesanos. A quaresma, desde antiga tradição eclesial, ajuda a preparar os cristãos para celebrar bem a Páscoa, solenidade máxima da liturgia. O tempo da quaresma é favorável à conversão de nossa vida, voltando-nos mais a Deus e aos irmãos/ãs. Por isso, desde 1964, a CNBB convoca os fiéis para uma Campanha da Fraternidade neste tempo litúrgico, para concretizar o ser fraterno em uma determinada realidade do nosso país. Como já vimos anteriormente, em 2022, aborda-se o tema da Fraternidade e Educação. Em mensagens anteriores já refletimos, a partir do texto-base da CNBB, a temática do escutar e do discernir; hoje continuamos na etapa do agir, dentro da metodologia do escutar-discernir-agir. 

Tendo escutado e discernido a realidade da educação, somos desafiados a uma tomada de posição, à luz da fé. Diante da mulher apanhada em adultério, Jesus falou com sabedoria e ensinou com amor, revelando que todos são pecadores e precisam de misericórdia: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!” (Jo 8,7b). Mas também deixou claro que não há misericórdia sem correção: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante, não peques mais” (Jo 8,11b). 

A missão da Igreja é continuar a obra de Jesus, falando com sabedoria e ensinando com amor: “É pela força da Palavra de Deus que nasce um estilo de vida que favoreça o nascimento da cultura do encontro e da fraternidade como resposta de um processo educativo integral que forma para o serviço ao próximo” (TB 222). Um projeto de vida a partir dos valores da fé e compromisso com o bem comum terá influência na transformação da sociedade.  

O Papa Francisco nos convoca para unir forças em vista do Pacto Educativo Global, ou seja, buscar um novo horizonte para a educação, pois o cenário atual precisa mudar para uma educação integral, solidária e inclusiva: “A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza” (TB 237). Neste modelo existem atores fundamentais: a família, a Igreja, a escola e a sociedade. Todos são convidados a colocar a pessoa no centro do processo educativo. Para este novo humanismo é necessário promover a cultura do diálogo, globalizar a esperança, buscar uma verdadeira inclusão e criar redes de cooperação. 

Que este novo espírito do Pacto Educativo Global e a Campanha da Fraternidade 2022 – Fraternidade e Educação – nos despertem para uma nova visão de pessoa humana, não apenas vista como meio de produção ou de serviço, mas colocada no centro como valor máximo de tudo, com sua dignidade, com seu modo de ser única e irrepetível. Receba a oportunidade de ser ouvida pelo diálogo, valorizada pelo encontro e sinta a solidariedade fraterna dentro de um mundo que é nossa casa comum.  

Concluímos a mensagem com a motivação para uma ação concreta a partir do apelo do Fundo Nacional de Solidariedade: “O grande gesto concreto da Campanha da Fraternidade é a conversão do coração, verdadeira mudança de vida que se dá a partir do encontro pessoal com Jesus Cristo. Deste encontro brota naturalmente o compromisso com a fraternidade, com uma vida de santidade e serviço ao próximo. Outra importante expressão da Campanha da Fraternidade é a Coleta Nacional da Solidariedade, que em 2022 acontecerá no dia 10 de abril. Domingo de Ramos. Este é um gesto concreto, realizado em comunhão, que tem contribuído para a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida plena” (TB, p. 109). Abençoada quaresma! 

 

 

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