Um dos trabalhos necessários para uma melhor evangelização é a constituição daquilo que chamamos     “rede de comunidades”. Isto significa que, além da Igreja Matriz, das Capelas, dos Grupos de serviço, dos Movimentos e das Pastorais, as Paróquias constituem pequenos grupos que se reúnem nas residências de todas as ruas das paróquias para refletir, pelo menos semanalmente, textos bíblicos iluminados pela realidade de cada lugar e região.

Na Arquidiocese de Belém a rede de comunidades recebe vários nomes conforme foi o tempo e o momento de sua constituição. Temos grupo de evangelização, pequena comunidade, comunidade eclesial, grupo de reflexão, setor missionário e tantos outros nomes que, de maneira geral, significam quase a mesma coisa, embora tenham vindo de experiências diferentes.

São os diversos tipos de “missão” que constituem esse tipo de trabalho e temos uma riqueza imensa de tipo de trabalhos missionários, tanto os ligados às experiências de carismas particulares, como a congregações religiosas missionárias, a organizações pastorais de momentos fortes da Igreja local, e também a algumas espiritualidades presentes na Igreja hoje. Há uma grande diversidade desse trabalho que é uma das prioridades de nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral.

Estamos justamente chegando a um dos momentos em que todos esses grupos, comunidades, movimentos e carismas deverão se empenhar: é a Campanha da Fraternidade durante o tempo da Quaresma. Será outro momento importante em que todas as pessoas vocacionadas à vida cristã, que é essencialmente missionária, devem estar se organizando para que a evangelização continue sendo capilar. Não podemos nos contentar apenas com os trabalhos que efetuamos em nossas matrizes e capelas: é momento de jogar as redes em águas mais profundas. Muitas vezes achamos que é mais fácil apenas ficar cuidando dos peixes do aquário! Muitas vezes ficamos na aparente segurança da terra e não partimos com o barco para as profundezas do mar da vida. O medo de partir faz com que nunca peguemos os “peixes” que o Senhor nos mandou buscar, enviando-nos para sermos “pescadores de homens”.

As pessoas têm necessidade de Deus e de uma vida iluminada, e se ninguém for até elas nunca encontrarão essa luz em suas vidas. Cabe a nós fazer a proposta com o nosso testemunho para que, se quiserem, poderão encontrar com Aquele que, ao entregar Sua Vida por nós, nos salvou e libertou.

Já temos a experiência das peregrinações durante o tempo do Círio de nossos padroeiros, quando a evangelização capilar ocorre com a animação desses pequenos grupos espalhados por toda a nossa Arquidiocese. Eis o momento favorável agora com a Campanha da Fraternidade!

Durante a Quaresma, além de aprofundar o tema da Segurança Pública e da Justiça e da Paz, trabalhar com a rede de comunidades irá nos ajudar a fortalecer a evangelização, chegar mais próximos dos irmãos e irmãs e difundir a necessidade de unidade neste tempo em que temos tantos problemas de violências e tantas insatisfações pela realidade do mundo de hoje. Mais do que nunca necessitamos estar juntos nessa preocupação de encontrar caminhos para a paz e para a justiça em nosso meio.

Sei que isso não se conseguirá em 40 dias quaresmais, nem tampouco durante este ano. Será necessário um projeto de anos com prioridades a curto, médio e longo prazo para que, em trilhando esses caminhos, possamos chegar a um tempo melhor. Mas se não iniciarmos refletindo com todos e suplicando ao Senhor que nos ajude para que, aproveitando o tempo da Quaresma para aprofundarmos nossa conversão, realmente tenhamos coragem da mudança de paradigma em nosso modo de ser e pensar e assim trabalharmos pelo bem comum e nessa direção.

Na sexta-feira passada, no final da Semana de Capacitação de Multiplicadores da Campanha da Fraternidade de nossa Arquidiocese, a conclusão foi apresentar sugestões. Vi como é difícil encontrar sugestões de gestos concretos significativos para aplicar a parte arquidiocesana do dinheiro da Coleta da Solidariedade. Isso porque temos consciência de que estamos diante de um tema que exige muito mais; espera de nós um projeto de estado onde todos estejam participando e se comprometendo na construção de uma nova sociedade mais justa e mais humana.

Por isso é que é importante que as pessoas agora se organizem para formar, onde ainda não existem, as pequenas comunidades ou grupos de reflexão, que aprofundem os assuntos da Quaresma e Campanha da Fraternidade.  Seria muito melhor se estes grupos continuassem se reunindo com os subsídios da arquidiocese também depois desses tempos fortes para formar grupos ou comunidades estáveis nesse trabalho capilar de evangelização.

Desejo que nenhuma rua, travessa, passagem, avenida, prédio, condomínio, bairro…. fique sem essa reflexão pelo menos durante o tempo da Quaresma. Para que isso aconteça é necessário que muitos que hoje apenas se reúnem nas igrejas e nas capelas procurem servir outros irmãos com o conhecimento que adquiriram ajudando-os no encontro com Deus e na missão de levar a todos a Boa Notícia da Salvação.

Dom Orani João Tempesta

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