Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
“Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”. (cf. Lc 15,32)
A Liturgia do Quarto Domingo da Quaresma, nos insere sobre a reflexão da Misericórdia de Deus em contrapartida a “justiça dos homens”, pois a parábola do Filho Pródigo demonstra que a misericórdia vinda do Altíssimo perpassa qualquer irresponsabilidade, rebeldia e escolhas erras, mas enfatiza que isto somente ocorre quando há a conversão e o empenho em conduzir-se a uma vida de comunhão com Deus.
A Primeira Leitura, retirada do Livro de Josué (Js 5,9a.10-12), demonstra a misericórdia de Deus para os israelitas que vivenciaram o “opróbio do Egito”, demonstrando que o Senhor age a favor daqueles que ouvem a Sua voz e deixam-se ser conduzidos as planícies onde desce o maná dos Céus.
O Evangelho de Lucas (Lc 15,1-3.11-32), é dado o relato de Jesus falando sobre a parábola do Filho Pródigo. A essência deste Evangelho é reafirmar que a Misericórdia de Deus ultrapassa quaisquer entendimentos da “justiça humana”. Ora, o relato deste filho que pega a sua parte da herança, gasta-a totalmente se esbanjando e vivenciando do egoísmo, tem como consequência a fome, o sofrimento e perda da sua identidade. Assim, o retorno para a Casa Paterna, demonstra duas ações necessária para atingir a Reconciliação: primeiro, realizar o exame de consciência e, como consequência, o arrependimento; e por segundo, ter a coragem de seguir em frente ao encontro do Pai e demonstrar a Reconciliação. Somente assim, o Pai entende que houve a verdadeira conversão, “porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (cf. Lc 15,24).
A Segunda Leitura extraída da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5,17-21), Paulo recorda a comunidade que foi através de Jesus Cristo que vivenciamos a libertação definitiva do Pecado. E, também, que o movimento para vivenciar o ministério da reconciliação, devemos tomar a ação de converter-nos para que este ministério possa, assim, inundar em nossas vidas. Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus (cf. 2Cor 2,20-21).
Que este Domingo Laetare (Domingo da Alegria), possamos avistar a aurora da Páscoa que já se aponta, como o amanhecer de um novo dia, pois possamos jubilar com as palavras do Salmista: “Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem!” (cf. Sl 33,2-3).
Saudações em Cristo!