Que descansem em paz! 

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! No domingo os cristãos celebram o dia da ressurreição do Senhor, da vitória da vida sobre a morte. Neste primeiro domingo de novembro nós fazemos memória de todos os fiéis defuntos. Muitos vão ao cemitério, manifestando um gesto piedoso para com os amigos e parentes que partiram deste mundo, mas continuam presentes na memória e, porque não dizer, continuarão para sempre fazendo parte da nossa vida, até o momento ou a hora de concluirmos a nossa peregrinação terrena. 

Nestes dias, sobre todos, professando ou não uma fé, tendo ou não uma religião, paira uma sombra; porque não se encara a morte dos outros sem pensar na própria. Hoje, embora recebamos notícias diariamente sobre a morte, ela praticamente está se tornando um tabu. Podemos percebê-la como uma injustiça, embora saibamos que é inevitável; como uma ruptura com as seguranças que fomos criando ao longo da vida; como uma separação dos afetos mais importantes que preenchem o nosso cotidiano.  

A morte é para todos e, emotivamente, é impossível não sentir a dor da separação, nem é justo pedir a alguém para não chorar pelo luto e pela dor causada pela perda de um familiar ou amigo, mesmo se o fato é vivido à luz da fé. Para os cristãos, é a ressurreição de Cristo a lente através da qual cada um pode ler a vida e a morte. E não será uma leitura cristã se não se parte da ressurreição. Em Jesus se realiza a salvação da humanidade, por meio da sua morte e ressurreição. O mistério pascal é a sentença de condenação da morte. No entanto, é necessária a fé no Senhor Jesus para receber a vida eterna e a ressurreição: “Porque esta é a vontade do meu Pai: quem quer que veja o Filho e nele crê tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6,40)”.  

Dessas palavras de Jesus podemos compreender também que a fé não é somente espera da ressurreição, mas é já hoje participação na vida eterna. E se a morte é o momento do encontro com Cristo e do ingresso na sala do banquete nupcial, não deveria ser um evento temido: é espera e esperança de contemplar a face de Deus. 

 

 

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