Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

O tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é, não só oportuno, quanto profundamente cristão e humano: “Fraternidade e Diálogo, Compromisso de Amor” . Penetrando nesta proposta, descobrimos que, para amar, é necessário dialogar, o que supõe ou exige uma atitude e um método ou caminho. A atitude de conhecer o próprio Deus, que é amor, e que se difunde e expande gratuitamente, e que, para nos salvar, estabelece um diálogo amável e misericordioso, desenvolvendo a condescendência de falar a nossa própria língua e seu Filho tornar-se a Palavra e Imagem perfeita do Pai que arma sua tenda no meio de nós.

Um Deus que escuta o grito dos oprimidos, que acompanha a história do seu Povo, que sempre o convida a viver o pacto de amizade e fraternidade estabelecido no Sinai, e selado definitivamente com o Sangue redentor do seu Filho. Um diálogo que deve animar e inspirar a missão da Igreja, pois, como afirma São Paulo VI, na Ecclesiam Suam (nº 38), ela tem que se tornar palavra, mensagem, e colóquio com toda  as pessoas.

O Papa Francisco, exercitando como ninguém o ser ponte, mediador e embaixador da paz, propõe-nos o método de três passos interligados: 1) encontro com todas as pessoas onde elas estão e como elas são; 2) diálogo que significa reconhecer, compreender e ter empatia pelo outro e 3) gerar fraternidade, passando da simples convivência cordial a ser irmãos e irmãs.

Por isso, o Papa Francisco coloca, como modelo de fraternidade e diálogo, o Beato Charles de Foucault, chamando-o, na Fratelli Tuti, de “irmão universal”. Ele, que viveu sua missão numa região inóspita, solitário entre os Tuaregs (guerreiros da África do Norte), praticando o diálogo da presença respeitosa e testemunhal, sendo hospitalário, curando feridos, libertando escravos e resolvendo conflitos, pois era considerado sábio e justo.

Inquirido como evangelizava, respondia que veio primeiro entender os Tuaregs para amá-los e, assim, compartilhar a sua fé. Inspirado em Nazaré, imitava os trinta anos de vida “oculta” de Jesus que viveu plenamente a sua humanidade como a gente do lugar, levando a sério a encarnação, na cultura e no contexto ambiental, pois escutar e participar são o início do diálogo e da verdadeira evangelização, que não é uma conquista ou imposição.

Que São José, como em Nazaré, nos ensine o diálogo silencioso, para estar presente na vida das pessoas, através do trabalho, da partilha e do serviço, ecoando em nossos corações as alegrias, sofrimentos e esperanças que, como no caminho de Emaús, são a entrada e a porta aberta para o diálogo. Deus seja louvado!

 

 

 

 

 

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