Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

A Igreja neste último domingo do mês de agosto tem a graça de celebrar dentro do mês-temático dedicado as vocações o dia dos leigos e dos catequistas. É uma grande graça contar com a ajuda de tantas pessoas em nossas paróquias que doam seu tempo para evangelizar os outros.

Leigo é o cristão que se santifica em e a partir das realidades terrenas, seculares, civis; faz parte do Povo de Deus e leva a luz de Cristo a todos os ambientes. Na Exortação Apostólica “Christifideles Laici” (nº 17), sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, São João Paulo II parecia contemplar “um cenário maravilhoso que se abre aos olhos iluminados pela fé: o de inúmeros fiéis leigos, homens e mulheres, que, precisamente na vida e nas ocupações do dia a dia, muitas vezes inobservados ou até incompreendidos e ignorados pelos grandes da terra, mas vistos com amor pelo Pai, são obreiros incansáveis que trabalham na vinha do Senhor, artífices humildes e grandes — certamente pelo poder da graça de Deus — do crescimento do Reino de Deus na história”.

Neste XXI domingo do Tempo Comum a liturgia nos convida a responder à pergunta que Cristo faz aos Apóstolos: Quem dizem os homens quem eu sou? Importante é dar uma resposta pessoal! Que pensa você a respeito de Jesus Cristo? Mas, tenhamos atenção: A resposta não pode ser “de ouvir dizer”!  Mas que diz o seu coração? (Jó 42,5-6).

Na primeira leitura, temos – Is 22,19-23 – O ministério é dom de Deus, concedido para servir à Igreja e não para proveito próprio! “Ele será um pai para os habitantes de Jerusalém! ”. Aqui podemos refletir, como temos vivido o ministério ao qual Deus nos chamou e nos confiou. Será que estou exercendo com Deus e para Deus e em favor do próximo? É para isto que devemos servir, não para nossa vanglória e nossa vaidade, mas, para a glória de Deus e para o bem dos homens.

Na segunda leitura, Rm 11,33-36 – Louvemos a sabedoria de Deus, que tudo organizou com sabedoria e amor: “Na verdade, tudo é d’Ele, para Ele e por Ele! ”. A segunda leitura vem para nos ajudar em nossa reflexão sobre como cada cristão deve agir conforme o seu ministério e o seu dom. Nada é para nós, mas, tudo é para o Senhor e pelo Senhor.

No Evangelho Mt 16,13-20 – nos apresenta Jesus com os seus discípulos em Cesáreia de Filipe. Enquanto caminham, Jesus pergunta aos Apóstolos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem? ” E depois que eles apresentaram as várias opiniões que as pessoas tinham, Jesus pergunta-lhes diretamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?

Pedro, que, movido por uma graça especial, respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus chama-o bem-aventurado (Feliz és tu, Simão…) por essa resposta cheia de verdade, na qual confessou abertamente a divindade dAquele em cuja companhia andava há vários meses. Esse foi o momento escolhido por Cristo para comunicar ao seu Apóstolo que sobre ele recairia o Primado de toda a sua Igreja: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la…”.

O Discípulo reconheceu o Messias porque a revelação do Pai encontrou nele abertura e acolhida. Quer dizer, descobre a verdade dos desígnios de Deus quem se deixa iluminar pela luz da fé. Com razão, reconhece o Documento de Aparecida: “A fé em Jesus como o Filho do Pai é a porta de entrada para a Vida. ” Como discípulos de Jesus, confessamos nossa fé com as palavras de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (DAp, 100).

A Eucaristia tem o momento da Palavra (somos ensinados) e o momento do pão (somos alimentados). Precisamos dos dois momentos. Pedro, iluminado, confessou a divindade de Jesus e foi recompensado com o Ministério do Serviço à Igreja.  Confessemos Jesus da fé que nos foi revelado pelo Pai: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo! ”. Que esta liturgia nos faça crer e reconhecer a cada momento, Jesus em nossa vida.

 

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