Com profundo sentido de gratidão e reconhecimento, este ano celebramos juntos o Jubileu de Ouro da presença do povo e da cultura Nipo-brasileira em nossa cidade, de maneira especial na Igreja Católica de Maringá. Foram anos de luta e de fé, plantando esperança em cada passo, em cada dia, construindo um sonho cujas raízes estavam na pátria de origem. Sonhos que para muitos se tornaram realidade, para outros frustração e desencanto.
Neste cinqüentenário, certamente mais do que olhar os fracassos, queremos abrir a voz em gratidão a Deus, o Senhor do céu e da terra, que nos fez à sua imagem e semelhança para dominar e povoar a terra. Somos o que somos por graça de Deus. Em segundo lugar, nossa gratidão aos pioneiros da fé e da luta, do trabalho e da garra que os fez vencer e conservar a cultura sem opressão e descaso do ambiente encontrado. A presença dos missionários vindos do Japão, acompanhando desde o início, foi a grande força para animar e entusiasmar no caminho difícil e penoso dos primeiros tempos.
Uma das maiores belezas desta pátria grande, o pais da cor de brasa, Brasil, está em ser um país multi-cultural, proporcionando uma convivência harmoniosa entre as mais variadas etnias, raças e culturas. Esse é um verdadeiro testemunho para a humanidade, principalmente neste Continente Latino Americano, o Continente da Esperança e que o Papa Bento XVI desejou que se torne também o “Continente do Amor”. As diferenças se transformam em riqueza e os pontos comuns constituem trampolins para superar os obstáculos de uma convivência cada vez mais fraterna e igualitária.
Em nenhum momento da história a uniformidade cultural e religiosa deu certo. Antes, pelo contrário, causou guerra e divisões, mortes inocentes e vítimas de sistemas opressores. Os Bispos reunidos em Aparecida na V Conferência Latino Americana afirmam: “Existem comunidades de migrantes que trouxeram as culturas e tradições de suas terras de origem, sejam cristãs ou de outras religiões. Assumir a diversidade cultural, que é imperativo do momento, envolve superar os discursos que pretendem uniformizar a cultura, com enfoques baseados em modelos únicos”. (DA 59).
Ao mesmo tempo em que reconhecemos a diversidade cultural e sua riqueza, também constatamos que as novas gerações têm dificuldade em aceitar os costumes, regras, normas de convivência, orientações religiosas, vindas das origens, preferindo deixar-se levar pela cultura do descartável, do que manter uma tradição rica e milenar que fez e faz história. A fidelidade aos valores éticos e religiosos, faz com que as tradições se fortaleçam e a cultura seja sempre atual. A sociedade, hoje, precisa de valores permanentes para matar a sede de paz e de convivência social.
Por isso, nada mais justo e verdadeiro do que fazer deste Jubileu um resgate cada vez mais forte, dos valores culturais e religiosos, buscando nas raízes a fonte segura, que cria identidade e dá força para continuar o caminho. Meus Parabéns à comunidade Nipo-brasileira da Paróquia Pessoal São Francisco Xavier; vocês dão testemunho de que é possível manter a cultura sem perder a identidade e a convivência fraterna e harmoniosa com todos. Que a celebração, no próximo sábado, seja um hino de louvor e gratidão a Deus e uma súplica de bênçãos sobre toda a comunidade Nipo-brasileira em Maringá.
