Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de Salvador
Após quase quatro anos fechada para restauração, foi reaberta a Catedral da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Quem agora a visita não consegue conter a surpresa e a emoção diante do que vê e contempla. De minha parte, mesmo tendo acompanhado passo a passo os trabalhos de restauração, senti uma alegria especial ao entrar nela para presidir a primeira celebração após sua reabertura.
Estou convicto de que uma das responsabilidades de quem é bispo de uma diocese é a de fazer com que os fiéis valorizem o patrimônio artístico, sacro e histórico da Igreja, pois tal patrimônio testemunha a fé e a sensibilidade artística dos antepassados.
O cristianismo caracteriza-se pelo anúncio do Evangelho a cada geração. Ao longo de sua história, a Igreja serviu-se das diferentes culturas para difundir e explicar a mensagem cristã. Como consequência, a fé passou a se expressar em formas artísticas que possuem uma intrínseca força evangelizadora e um valor cultural que merece o melhor de nossos cuidados.
Uma igreja como a do antigo Colégio dos Jesuítas – hoje, Catedral Primacial do Brasil -, é um testemunho da história religiosa de Salvador. Ela documenta de modo visível o percurso da Igreja ao longo dos séculos de nossa História, no que diz respeito ao culto, à catequese, à cultura e à caridade. Essa belíssima igreja comunica o sagrado e o belo, o antigo e o novo.
Pelo seu valor artístico, nossa Catedral manifesta a capacidade criativa de artistas, artesãos e mestres que souberam exprimir em cada detalhe seu sentimento religioso e a devoção da comunidade cristã. Ela exprime particularmente a sensibilidade e a espiritualidade dos filhos de Santo Inácio de Loyola, presentes nesta cidade desde seu início. Mas a Catedral testemunha, também, o amor e o carinho dos restauradores, que demonstraram capacidade artística, em cada momento de seu trabalho. Estou convicto de que um restaurador é também, de certa forma, um criador, um artista.
Agradeço a todos os que colaboraram para que os trabalhos de restauração fossem possíveis; um agradecimento especial ao Ministério da Cultura (Ministro Sérgio Sá Leitão), ao Iphan Nacional (Presidente Kátia Bogéa), ao Iphan da Bahia (Superintendente Bruno Tavares) e à empresa Marsou Engenharia (Sr. Vicente Souto Júnior e equipe).
Desejo que na Catedral de Salvador, construída no final do século XVII, para o culto divino, continuem sendo elevados aos céus os louvores, os clamores e os pedidos da comunidade cristã. Que ela seja fonte de união para os que nela se reunirem; de oração e de paz para os que a visitarem; de admiração para os que a contemplarem e de glória para o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A Catedral de Salvador é sua. Visite-a!