Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
Texto inspirador: Jesus é o maior profeta, o bom e incomparável Pastor, e o Sumo sacerdote.
Lendo o artigo -O bispo entre a Cruz e a Esperança- que por sua vez é uma bela mediação sobre o livro “Coração de Pastor” cujo o autor é Dom João Bosco Oliver de Farias, me senti motivado e inspirado a continuar a reflexão já muito rica em conteúdo teológico e sugestões pastorais. O mencionado artigo, não esquece outros sim vivências, alegrias, dificuldades bem como o peso do exercício fiel da missão episcopal.
Lembra também neste mundo tão secularizado e materialista, onde a falta de sentido da vida é gritante a importância da esperança que fica ubicada teologicamente entre a fé e o amor, como virtudes que norteiam a missão dos seres humanos. Felizmente, também não olvidou a dimensão estaurológica, onipresente na vida dos edificadores do Reino de Deus.
Valendo-me da riqueza do artigo mencionado e subscrevendo-a, em minha reflexão, quero sublinhas também outras dimensões, entre elas: a do profetismo e a do sacerdócio, entre outras.
Profetismo, não faltam, hoje, parladores nem fundadores de novas denominações religiosas. Áleas, estas abundam, crescendo quais cogumelos. Há novos apóstolos, bispos, pastores, obreiros e evangelizadores que talvez mais falam do dízimo que do Reino de Deus. Mais, voam com seus jatinhos sobre o povo, do que circulam entre o povo, quais bons pastores.
Recordam, mas o cifrão, QR Cod, Código de barras quer o evangelho e a cruz de Cristo. A dimensão profética é essencial na evangelização. Isso é claro, tem seus custos, que muitas vezes significa, perseguição até prisão quando não martírio. Esquecem-se as Bem-Aventuranças (Mt 5,3-12) (Lc 6,20-23) São Lucas fala até de mal aventuranças (Lc 6,24-26), São Paulo geralmente apresentava primeiramente a dimensão querigmática e depois, inferia aquela moral. Jesus não morreu crucificado, porque falou de Deus, do amor, mas porque insistiu no verdadeiro culto, na justiça, no desapego, na solidariedade e fraternidade.
Porque João Batista foi morto, bem como tantos profetas veterotestamentários? Faltam-nos hoje, autênticos evangelizadores e profetas. Os Bispos deveriam sê-los em primeiro lugar.
Dimensão sacerdotal (cúltica)
No antigo testamento, eles (os sacerdotes) eram influentes e numerosos. O sacerdócio, não era tanto uma vocação, mas uma profissão herdada: eram membros de família sacerdotal, ou seja, da tribo levítica. Hoje, não: é vocação. Mas infelizmente, ainda perdura certa contaminação levítica, de ranço veterotestamentário.
Cabe aos sacerdotes zelar para que haja sempre verdadeiro culto a Deus, pois o povo, todo deve ele ser sacerdotal. Por isso, é necessário investir mais melhor na formação, tanto na sacerdotal quanto laical. Jesus, de cujo o sacerdócio o autor da epístola aos hebreus tanto fala, era um grande orante. Os apóstolos, em o vendo orar, sentiram necessidade de fazê-lo também. Foi assim, que Jesus lhes ensinou o Pai Nosso. Ele, em orando, falava com o Pai (o Aba) e o ouvia.
Cultivava assim a dimensão mística da sua vida. Exercitava-se na intimidade com o Pai e com o Espírito Santo e assim sua vida e missão se tornavam um autêntico exercício da experiência de Deus, seja, na alegria quanto no sofrimento. Ouso até afirmar que principalmente neste último. Foi assim que Jesus venceu todas as provações e foi fiel. Penso de poder afirmar, até que o verdadeiro espírito orante esteja hoje faltando no mundo e na sociedade. Recordo, ademais que a verdadeira grandeza do sacerdócio, está na celebração eucarística e no seu respectivo culto. Ali áleas céus e terras se encontram sacramentalmente.
Concluindo, devo frisar ainda que a vocação e missão episcopais são dom primordialmente dons e que devem torna-se um serviço eclesial ao povo de Deus. A pós-modernidade, necessita urgentemente de verdadeiros profetas inspirados, de pastores que consumam suas vidas na edificação do Reino de Deus. E que vivendo e evangelho o testemunhem com o sacrifício de suas vidas ou até mesmo com o martírio. Sejam autênticos pais para o clero e pastores para o rebanho, mesmo também quando este é comporto por ovelhas pres maiadas, doentes, quando não de cordeiros vestido de lobos.
Vivam o episcopado diaconicamente, fazendo da eucaristia o centro e o ponto alto do dia. Promovam uma igreja, com cheiro de santidade e de qualidade sinodal, mesmo que sempre hierárquica. Sejam pais para seus filhos e irmãos com os irmãos, que possam olhar para o futuro com esperança e está vivificada pelo amor. Depois de tudo que afirmamos, existirão ainda os que aceitam o episcopado? A pergunta mesmo sendo um tanto maliciosa, não é oportuna?
