Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas/ Caravelas (BA)
Convidamos todo povo de Deus, os fiéis em uma jornada espiritual, profundamente enraizada na prática do perdão e na vivência autêntica da fé nos tempos contemporâneos.
Nos Evangelhos, encontramos a voz de Jesus a nos exortar a purificar nossos corações, assim como Ele zelou pelo templo.
Essa purificação não é um mero ritual, mas um chamado à transformação interior, que encontra seu ponto mais luminoso na capacidade de perdoar. No tecido da sociedade moderna, marcada por desafios e conflitos, a prática do perdão emerge como um antídoto poderoso contra a amargura que ameaça consumir nossos corações.
A verdadeira fé, como nos ilustra o Evangelho de Lucas, não é estática nem exclusiva, mas dinâmica e inclusiva. Somos desafiados a acolher todos, independentemente de suas origens ou circunstâncias.
Esse chamado à inclusão ressoa de maneira particular em nosso mundo, onde as divisões são muitas e a compreensão mútua é frequentemente obscurecida. A fé autêntica não se isola, mas se estende em gestos de compaixão e aceitação.
A parábola do servo perdoado, encontrada em Mateus, é um convite à ruptura com os ciclos de ressentimento que tantas vezes nos aprisionam.
À medida que compreendemos a imensidão do perdão divino, somos impelidos a estender essa graça aos outros. Aqui, a fraternidade se torna um fio condutor, uma ligação vital que une os corações em um propósito mais elevado.
No contexto da quaresma, esse período litúrgico de introspecção e preparação, a prática do perdão adquire uma importância renovada.
Nesse tempo sagrado, somos convidados a mergulhar nas profundezas de nossos corações, a examinar nossas relações e a fortalecer nossa fé.
A quaresma não é apenas um ritual, mas uma oportunidade ímpar para restaurar nossa conexão com Deus e nossos irmãos, praticando o perdão como instrumento de reconciliação.
Ao vivenciarmos a quaresma, permitamos que a prática do perdão não seja apenas uma observância, mas uma transformação genuína.
Que a fraternidade e amizade social, baseadas no perdão, não se restrinjam às igrejas, mas transbordem para as comunidades, lares e relações diárias. Que, inspirados pela experiência da quaresma, possamos construir um mundo onde a prática do perdão e a vivência autêntica da fé sejam faróis a iluminar os caminhos de todos que buscam a verdade e a paz.