Regional Nordeste 3 realizou Seminário sobre a Campanha da Fraternidade 2026

Com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade 2026, que abordará “Fraternidade e Moradia” e o lema “E Ele veio morar entre nós” (Jo 1,14), formadores, agentes de pastoral e representantes das arqui/dioceses que compõem o Regional Nordeste 3 da CNBB (Bahia e Sergipe) participaram, de 24 a 26 de outubro, do Seminário Regional da Campanha da Fraternidade.

O encontro teve como proposta refletir sobre a realidade da moradia no Brasil à luz da fé cristã, discutindo caminhos pastorais e sociais para enfrentar os desafios que atingem milhões de famílias sem acesso à habitação digna. Durante o seminário, os participantes partilharam experiências, projetos e iniciativas locais voltadas à promoção da vida e da dignidade humana.

O evento contou com a presença do secretário do Regional Nordeste 3, Dom Gilvan Pereira Rodrigues, que também é bispo auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

“O nosso Regional Nordeste 3 promove, todos os anos, um encontro de formação com a participação de representantes de todas as dioceses. As pessoas responsáveis pelas campanhas vêm a Salvador antes do início dos trabalhos em suas dioceses, para uma preparação que nos ajuda a compreender os fundamentos e o sentido profundo da Campanha da Fraternidade. É aqui que buscamos entender o que está por trás do tema e refletir sobre essa realidade tão importante, que é a moradia — um direito social. Infelizmente, tantas pessoas ainda hoje não têm acesso a esse direito básico. ‘Fraternidade e Moradia’ é, portanto, o tema da nossa campanha, e nestes dias temos nos preparado para compreender toda a complexidade dessa questão em um país onde sobram terras e casas, mas ainda há milhares de pessoas sem moradia”, disse.


O padre Jean Poul, membro da equipe nacional de articulação da Campanha da Fraternidade, orientou a formação e também ressaltou a urgência do tema e o compromisso da Igreja com a promoção do direito à moradia. “É a segunda vez, em mais de 60 anos de história, que a Campanha da Fraternidade se debruça sobre a moradia — esse direito de todo cidadão brasileiro, previsto no artigo 6º da Constituição, mas tão desrespeitado. Hoje, no Brasil, temos mais de 300 mil pessoas vivendo nas ruas, um déficit superior a seis milhões de moradias e cerca de 26 milhões de habitações em condições indignas e inadequadas para os filhos e filhas de Deus. A questão da moradia, embora não nos toque diretamente quando temos um teto para voltar, é uma dor profunda para muitos irmãos e irmãs nossos. Por isso, precisamos promover a moradia como prioridade e direito, como prevê o objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2026. É um chamado à conversão, para que façamos da moradia um compromisso de fé e de cidadania, afirmou.

De acordo com o padre Jean Poul, desde já, as pessoas podem se preparar para viver bem a Campanha da Fraternidade: pesquisando, se formando e refletindo sobre o tema. “Durante o período quaresmal, somos convidados a rezar e refletir comunitariamente sobre essa realidade, sempre com vistas a uma ação concreta. Essas ações podem ser pequenas — como ajudar a reformar o telhado da casa de ‘dona Maria’ ou construir um banheiro para o ‘seu João’ —, realizadas com a mobilização da comunidade, ou mais amplas, de incidência política. Precisamos que, em todas as esferas de governo — municipal, estadual e federal —, a moradia seja tratada como prioridade, com políticas públicas efetivas. O direito já existe na Constituição, mas ainda não é cumprido. É nossa missão incidir, cobrar e escolher representantes comprometidos com o direito à moradia para todos”, completou.


O padre Pedro Miquel, da Diocese de Alagoinhas (BA), participante do encontro, enfatizou o caráter formativo e multiplicador do seminário. “O Seminário da CNBB para a Campanha da Fraternidade é fundamental para todos nós, para a Igreja, porque nos ajuda a compreender a importância e a necessidade dessa iniciativa. Além disso, nos permite esclarecer dúvidas e responder a questionamentos que, muitas vezes, surgem nas comunidades. Por isso mesmo, este seminário é valioso e frutuoso, pois, a partir desse tempo de formação e estudo, seremos multiplicadores em nossas dioceses e Igrejas particulares, levando às pastorais e comunidades paroquiais o verdadeiro sentido da Campanha da Fraternidade 2026”, afirmou.

Inspirados pelo exemplo de Jesus, que “veio morar entre nós”, os participantes do Seminário foram convidados a assumir atitudes concretas de solidariedade, partilha e cuidado, especialmente com os mais pobres e vulneráveis. “Nossas reflexões unem perspectivas sociológicas e teológicas, iluminadas pela Palavra de Deus. É uma experiência fecunda e necessária, que fortalece a comunhão entre as dioceses. Quase todas estão aqui representadas, com a presença significativa de padres, religiosos e leigos. Essa vivência nos ajuda a colaborar de forma mais eficaz na realização da Campanha da Fraternidade em nossas dioceses”, destacou Dom Gilvan.

O Seminário Regional da Campanha da Fraternidade foi um espaço de escuta, comunhão e compromisso, reafirmando a missão da Igreja de ser casa acolhedora e presença de esperança nas realidades desafiadoras das comunidades.

Texto e fotos: Sara Gomes

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