Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas (TO)
“Quão amável, ó Senhor, é vossa casa, quanto a amo, Senhor Deus do universo! Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!” (Sl 83,2-3).
Parece que foi ontem. Mas já se passaram 12 anos desde a criação do Regional Norte 3, em 17 de abril de 2013, na 51ª Assembleia Geral da CNBB. Uma luta, uma dádiva, uma conquista, uma vitória e um serviço.
Quando pertencíamos ao Regional Centro-Oeste, não tínhamos a devida consciência do quanto é gostoso e custoso ser um Regional. Tivemos que partir do zero, sem quase nada: sem recursos, sem estruturas e sem expertise em gestão. O gostoso, no entanto, foi aprender a ter e a ser Regional em uma Igreja sinodal, em saída missionária.
Quase esquecemos que nascemos assim. Que foram os nossos pais que nos deram as condições e as habilidades e nos potencializaram para sermos o que somos hoje. Começamos quase sem nada. Hoje temos as estruturas básicas para o seu pleno funcionamento. Começamos com cinco dioceses. Hoje somos oito. Como o salmista, podemos dizer: “O que ouvimos e compreendemos, o que nossos pais nos contaram. Eles não as ocultaram a seus filhos, nem à sua posteridade. Publicaram os louvores do Senhor, e o seu poder” (Sl 77,3-4).
Passados doze anos ainda somos um Regional pobre e pequeno, mas vivo e dinâmico, corajoso e profético, aberto e com vontade de crescer ainda mais. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Teremos que dar muito mais passos. Teremos muito o que aprender e o que fazer. Mas já valeu a pena.
Por livre escolha e opção, elegemos os dozes elementos que nos alegram e nos desafiam, numa espécie de luzes e sombras, forças e fraquezas, graças e serviços:
- Somos gratos porque, mesmo pequeno, somos formados por 10 bispos, oito titulares e dois eméritos, metade brasileiros e metade de outros países; apesar das nossas diferenças, somos irmãos e amigos. E temos um clero e um laicato, mulheres e homens, colaboradores voluntários, que se juntam a nós, vestem e suam a camisa do Regional.
- Estamos nos quatro pontos cardeais de quatro Estados: no Tocantins inteiro, no norte de Goiás, no leste de Mato Grosso e no sudeste do Pará.
- Moramos basicamente em dois biomas brasileiros: o Cerrado e a Amazônia. Somos banhados por dois grandes rios: o Araguaia e o Tocantins, e seus afluentes.
- Neste vasto território existe mais gado (livre de aftosa com vacinação) do que gente; mais soja e milho do que arroz e feijão; mais ar intoxicado do que ar limpo, puro e sadio.
- Nosso povo é formado, basicamente, por várias etnias, com predominância de afrodescendentes e indígenas.
- Nos alegramos muito com as florestas em pé e preservadas; e nos preocupamos muito com os desmatamentos e as queimadas.
- Nos desafiam a pobreza de muitos e o enriquecimento de uns poucos.
- Lamentamos as divisões ideológicas, bem como as polarizações sociopolíticas, com suas desavenças, até mesmo dentro da Igreja, que a amesquinham e ameaçam a sua unidade. Nos preocupamos também com o aumento da politização partidária de muitos segmentos religiosos, de matriz neopentecostal. O Estado é laico, mas para muitos, parece que não é e como se não o fosse.
- Nos desafiam a diminuição de vocações, bem como e formação de um clero autóctone.
- O mesmo, diga-se da vida consagrada, masculina e feminina, que fecham suas obras e suas casas de missão, por falta de pessoas para o tipo de missão que o Regional necessita.
- Ressentimos os poucos recursos econômicos para fazer frente as nossas demandas pastorais.
- Por fim, é ainda predominante a pastoral de conservação. Não conseguimos ainda ser, como era o nosso desejo, na carta da sua criação, um Regional decididamente missionário. Há ainda um apego muito forte a uma evangelização que dá nítidos sinais de estancamento e esgotamento, embora muitos prefiram este modelo, como reza Aparecida (DAp 365.370).
Deixamos a critério do leitor discernir o que são luzes e o que são sombras neste elenco de elementos que compõem o perfil do Regional Norte 3.
Precisamos muito comemorar estes doze anos de graças e de serviços do nosso querido e amado Regional Norte 3. Um santo e abençoado Jubileu da Esperança em nosso Regional. Como disse em uma canção: “um Anjo protetor da cor de anil”. Um brinde a todos e a todas!
