Na minha juventude participei de um encontro de sindicalistas. Sindicalismo exige coesão, união e, portanto, superação do individualismo. Com voz bonita alguém cantou: “As pessoas são más: elas pensam em si; só eu sou bom; eu penso em mim”! A criança é símbolo: ela quer o brinquedo só pra ela. Quando cresce, abre-se para o comunitário.
É da natureza do ser humano: é indivíduo, mas tem uma natureza social. As duas dimensões juntas identificam a pessoa humana.
Os bispos do continente sul-americano chamaram atenção para um desequilíbrio. “Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual… O individualismo enfraquece os vínculos comunitários… Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos” (DA, 44).
Mas o processo de globalização não globaliza também as relações humanas? Globaliza o mercado. Mas sem ética e sem relação com o bem dos povos, o mercado levou à crise econômica mundial. Pois a dinâmica do mercado absolutiza o lucro, a eficácia, a produtividade, provocando iniqüidades e injustiças!
O cristianismo elaborou uma pedagogia que preserva o individual e valoriza o social: a comunidade. O próprio Deus é seu modelo: um só Deus em três pessoas. De modo apropriado o povo canta: A Santíssima Trindade é a melhor comunidade.
Sendo de índole só econômica, a globalização não deixa de ser uma ameaça ao sentido da vida. Para manter o sentido unitário da vida do povo, as manifestações externas e comunitárias da cultura do povo, inclusive as manifestações religiosas, são muito importantes.
Neste contexto, os católicos valorizam os santuários e as romarias. A devoção mariana dá sentido unitário, gerando a consciência da dignidade comum dos filhos de Deus, apesar das diferenças sociais e éticas.
No sul do Brasil, temos forte o símbolo da cruz, aceito por todos os cristãos. Por isso, a Diocese de Santa Cruz do Sul escolheu como símbolo unificador de sua romaria a Santa Cruz. Sabendo perfeitamente o que o Evangelho lembra: “Junto à Cruz estava a mãe” (Jo 19,25). E assumindo também a postura de João: “Desde esse momento o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27).
Na 8ª Romaria da Santa Cruz, romaria jubilar, queremos caminhar como povo diocesano, sob o símbolo da cruz, para transformarmos também aqui nossa terra em Continente do Amor!
