Renovar a Coordenação Pastoral da Arquidiocese

Graças a Deus, existem na Arquidiocese de São Paulo muitas organizações e iniciativas pastorais, que contribuem para realizar a missão da Igreja. Elas estão presentes nas 6 Regiões Episcopais, nas paróquias e comunidades; a maioria possui uma articulação arquidiocesana; outras, estão organizadas em  torno de Associações de Fiéis, Congregações e Ordens religiosas, ou de Movimentos e Novas Comunidades. Não se pode desconhecer que prestam grande ajuda à Igreja; melhor dito, são expressões variadas da ação da própria Igreja, animada pelo Espírito Santo.

Aos pastores da Igreja, os bispos, com o clero, cabe a animação, a formação e a coordenação de todas essas expressões de vida eclesial; é próprio do seu ministério promover a unidade, a vitalidade e a harmonia entre todos os membros do Corpo de Cristo e, para isso, receberam um dom especial do Espírito Santo, através do Sacramento da Ordem. Em outras palavras, receberam o encargo de zelar pela “pastoral de conjunto”, que não é outra coisa do que promover o bem e a missão da Igreja no seu conjunto, e não apenas de uma parte dela.

Em nossa Arquidiocese, por vários anos, o acompanhamento da vida pastoral e sua coordenação estavam organizados em torno das 4 dimensões da evangelização e da missão da Igreja: anúncio, diálogo, serviço e testemunho de comunhão. Assim, esperava-se que todas as iniciativas e organizações pastorais pudessem agrupar-se em torno de alguma dessas quatro dimensões, para serem melhor e mais facilmente acompanhadas. Não parece que isso tenha funcionado satisfatoriamente; além disso as 4 dimensões, acima mencionadas, não devem ser separadas, mas precisam estar presentes em toda organização e ação pastoral da Igreja. Não havendo uma coordenação pastoral adequada, com o passar do tempo, a tendência é a dispersão da ação eclesial, com a consequente perda da visão do conjunto.

A nova proposta, que nasce também de uma reformulação do Conselho Arquidiocesano de Pastoral, é organizar Coordenações de Setores de Pastoral, que se aproximem da forma como a própria Conferência dos Bispos (CNBB) acompanha a evangelização e a vida eclesial no Brasil. Está claro, não teremos 10 “Comissões Pastorais”, como na CNBB, mas uma série de Coordenações Arquidiocesanas de Setores de Pastoral, que terão a tarefa de acompanhar as iniciativas e organizações pastorais relacionadas com elas. Assim, a Coordenação Arquidiocesana do Setor Juventude acompanhará todas as iniciativas e organizações pastorais voltadas para a Juventude; da mesma forma, a Coordenação Arquidiocesana do Setor Vida e Família, ou do Setor Liturgia, ou do Setor da Animação Bíblico-Catequética… Cada Coordenação desses Setores Pastorais deverá promover as 4 dimensões da ação evangelizadora e pastoral da Igreja.

O conjunto das Coordenações Arquidiocesanas de Pastoral contemplará os seguintes Setores de Pastoral: 1) Ministérios ordenados; 2) Vida Consagrada; 3) Laicato; 4) CEBs e Grupos de Reflexão ou de Famílias; 5) Associações, Movimentos e Novas Comunidades; 6) Animação missionária; 7) Animação bíblico-catequética; 8) Liturgia; 9) Serviço da caridade, da justiça e da paz; 10) Vida e família; 11) Aprofundamento da fé; 12) Ecumenismo e diálogo inter-religioso; 13) Juventude; 14) Educação e Ensino Religioso; 15) Mundo da Cultura e da Política;  16) Mundo do trabalho; 17) Comunicação; 18) Universidade; 19) Saúde. Cada uma dessas Coordenações deverá ter sua equipe de coordenação de âmbito arquidiocesano e também regional. Nas paróquias e pequenas comunidades locais é possível que nem todas essas Coordenações sejam necessárias; mas algumas delas são essenciais e não deverão faltar. É um discernimento que deverá ser feito com sabedoria e prudência pastoral.

Evidentemente, não partimos do zero, mas pressupondo que a maioria dessas pastorais já existem na Arquidiocese, pelo menos, em partes dela; aqui está em jogo uma nova organização do acompanhamento pastoral, para atender melhor ao conjunto e para imprimir um novo dinamismo pastoral na vida da Arquidiocese. É de se esperar que em cada paróquia também se faça a organização do Conselho de Pastoral paroquial e do acompanhamento pastoral da forma proposta; não deveriam existir setores da vida e da missão eclesial desatendidos.

Tenho plena consciência de que a implantação de um novo modelo de coordenação pastoral requer tempo, paciência e determinação. Mas penso também que seja este o caminho que devemos percorrer; pois a “conversão pastoral e missionária”, pedida pela Igreja em Aparecida também passa pela revisão e adequação das estruturas pastorais.

Cardeal Odilo Pedro Scherer

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