Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Montes Claros
Ao iniciar meu ministério episcopal na Arquidiocese de Montes Claros encontrei experiências muito bonitas e significantes. Uma delas, que muito me chamou atenção, refere-se ao atendimento das centenas de comunidades rurais. As 40 paróquias do interior da Arquidiocese são formadas por algumas comunidades urbanas e uma grande maioria de comunidades rurais. Observei que menos da metade das paróquias da sede, precisamente 10 do total de 24, atendiam comunidades rurais. Então, do total de 64 paróquias da Arquidiocese na data de outubro de 2019, 50 delas atendiam comunidades rurais. Outro dado interessante é que algumas paróquias de Montes Claros atendem comunidades rurais que não estão no seu território contíguo. A título de exemplo, a paróquia da Catedral atende duas comunidades cujo acesso é a BR 365, estrada que conduz à Pirapora.
Expostos esses dados a todo o clero, em novembro passado, como legado do mês missionário extraordinário para nossa Igreja local, decidimos, por unanimidade, que houvesse uma redistribuição do atendimento das comunidades rurais. Assim, aquelas 14 paróquias completamente urbanas também se responsabilizarão pelo atendimento dos que estão no interior, nesse caso, do próprio município de Montes Claros.
No último dia 1º de julho, em reunião presencial com todos os párocos e administradores paroquiais das 24 paróquias situadas em Montes Claros, demos início a esse processo por nós intitulado “Reorganizar para melhor servir”. Os estudos caminham iluminados por cinco critérios: 1) Missionário: alcançar mais pessoas pelo serviço e pelo anúncio da Palavra de Deus e abrir perspectivas de missão para as comunidades urbanas; 2) Pastoral: otimizar o atendimento de todas as comunidades, sejam elas urbanas ou rurais; 3) Litúrgico: facilitar o acesso dos fiéis às celebrações da Palavra e da Eucaristia, bem como dos outros sacramentos; 4) Social: descentralizar os serviços e ir ao encontro dos mais afastados e dos mais empobrecidos, saindo em direção às periferias; 5) Ministerial: oportunizar o trabalho solidário e fraterno de padres, diáconos e leigos.
Essa reorganização pede de cada fiel a disposição para eventuais mudanças. Há propostas de redistribuição do atendimento não só de comunidades rurais, mas também de algumas comunidades urbanas que, eventualmente, serão realocadas. Antes de tudo, fique claro que nenhuma mudança terá como critério o atendimento por esse ou aquele padre. Não há justificativa para criar ou reorganizar uma paróquia para atender tal padre, que segundo as perspectivas atuais poderia ter um tempo de atuação entre 6 a 8 anos numa mesma paróquia. Aqueles que olham para esse processo preocupados com o nome do padre que servirá a paróquia, insistimos que alarguem os horizontes e compreendam os critérios acima apresentados. Para ser uma Igreja servidora urgem algumas mudanças.
Recentemente, foram criadas duas quase-paróquias no interior da Arquidiocese: Nossa Senhora da Conceição, em Novorizonte e São João Batista, em São João do Pacuí. Avançam os estudos para a criação de outras duas em Montes Claros: uma com sede em Nova Esperança e outra com sede no bairro Major Prates. Uma novidade: essas novas quase-paróquias poderão receber título diferente do padroeiro da comunidade sede. Seja tudo para melhor servirmos a Igreja – Povo de Deus, pelo anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.