Na mentalidade moderna, influenciada pelos ideais democráticos,  existe um justo horror contra as “discriminações”. Isso seria tratar de maneira diferenciada os que são fundamentalmente iguais. Assim, obrigar os pais de uma criança pobre a fazer encontros de preparação para o Batismo, e isentar dos mesmos os pais de uma criança “gente fina”, seria odioso. Tudo o que não depende de livre escolha (raça, nacionalidade, capacidades) não deve sofrer por parte de ninguém qualquer crítica, ou distribuição de vantagens. O que depende de livre escolha pode até receber tratamento diferenciado. Assim o sócio do clube que não paga suas mensalidades, não pode exigir os mesmos direitos que outro, que está em dia com seus débitos. Essa mentalidade, de não fazer diferenças, pode, no entanto, se tornar exacerbada. Isso seria igualitarismo, uma perversão dos ideais democráticos. Na natureza, planejada pelo Pai Celeste, existem muitas diferenças. Não são discriminações, mas sim, variações complementares. Elas enriquecem a vida humana. Assim, constatamos que existem pessoas fortes e fracas, crianças inteligentes e de baixo poder de compreensão, capacidades diferentes entre homens e mulheres. Essas variedades tornam bela a natureza, e mostram a sabedoria do Criador. Viva a diferença!

Considero o igualitarismo uma democracia decadente. Certo dia falei a uma pessoa, que os membros de outras religiões não devem comungar nas nossas missas. A reação foi rápida: “mas isso é discriminação. Jesus nunca fez nenhuma discriminação entre as pessoas”. Com certa dificuldade mostrei a esse irmão, que Jesus fez muitas opções, sem ter cometido injustiças. Um doutor da lei disse: “Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores” (Mt 8, 19). Mas Jesus não aceitou. No entanto, o pedido de outros, aceitou. Também quando escolheu os doze apóstolos (“escolheu os que quis”), deixou de lado todos os outros discípulos. Alguém menos avisado poderia classificar a atitude de discriminação. Eu penso que certas acusações fáceis, merecem um reparo no nosso linguajar. Do modo como estão as coisas, o argumento fraco da discriminação, não passa de um “cala-boca”, para acabar de maneira fácil, uma discussão.

Dom Aloísio Roque Oppermann

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