Retrospectiva e esperança

Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)

Eis que estamos para terminar o ano de 2021. Agradecemos ao Senhor Deus por esse ano em que vivemos na sua graça e no seu amor. Temos muitos motivos para agradecer e, ao mesmo, fazendo um balanço ou retrospectiva, podemos afirmar: superamos muitos obstáculos, estamos fortalecidos. Mas, como afirma São Paulo: “somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos em apuros, mas não desesperançados; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados” (2Cor 4,8-8). O Cristo caminhou conosco neste ano que termina.

O grande obstáculo é sempre a pandemia da COVID-19. Temos gravados em nossos corações momentos fortes de medo, de sentimentos de solidariedade com tantas famílias que perderam seus entes queridos, de indignação diante do descaso com a saúde pública, sempre defasada e necessitada de um olhar mais justo e igualitário. A pandemia nos abriu os olhos para atitudes e percepções indispensáveis quando ao nosso agir cristão: solidariedade, proximidade, compaixão, empatia, não são sentimentos de fraqueza ou de rebaixamento diante da força da natureza humana. Mas, não podemos esquecer: a falibilidade é parte de nossa natureza; o ser humano é “homem falível”. A sua força consiste no amor e no dom de si para os outros. Que aprendamos a agir nessa doação e saiamos da pandemia melhores, convictos de que só seremos felizes se vivermos na fraternidade e no respeito ao bem comum.

Neste ano vivemos as alegrias da celebração dos 30 anos da realização em nossa Arquidiocese do XII Congresso Eucarístico Nacional, que foi concluído com a presença do Papa São João Paulo II. Um evento marcante, propulsor de vocações, proporcionando uma verdadeira primavera, tanto para as vocações à vida religiosa e presbiteral quanto para a vivência de um laicato responsável e consciente de sua missão na Igreja e na sociedade. No mesmo dia da celebração abrimos a Fase Diocesana do Sínodo do Bispos, iniciativa cheia de significado para toda a Igreja, desejada pelo Papa Francisco. De fato, toda a Igreja é sinodal em sua própria natureza e missão. Ninguém vive sozinho, ninguém se santifica sozinho, ninguém se salva sozinho. O caminho da Igreja é a comunhão de todos os seus membros.

Também neste ano que termina vivemos uma retomada, às vezes tímida, sóbria, mas cheia de coragem, das nossas atividades presenciais: reuniões, celebrações, formação, encontros de conselhos, pastorais, movimentos e serviços. O avanço da vacinação proporcionou a volta de nossos encontros. Mas, fica ainda a nossa exortação: procuremos ser racionais e responsáveis; é preciso avançar mais, para agir com mais responsabilidade.

Para 2022 estamos cheios de esperança. Será um ano em que veremos a ação de Deus encontrar nossos corações desejosos de seguir na missão. Vamos comemorar os 70 anos da elevação de nossa Igreja à Arquidiocese (16 de fevereiro de 1952 – 16 de fevereiro de 2022). Quanto temos para agradecer ao bom Deus, ao seu Filho Jesus Cristo, à ação do seu Espírito Santo que não cessa de nos guiar. Teremos ordenações, a conclusão da Fase Diocesana do Sínodo dos Bispos, a ação de graças pelo nosso pastoreio nos 10 anos de atividade como Arcebispo de Natal. Sobretudo, nossa ação de graças por Maria

Santíssima acompanhar nossa caminhada e ser exemplo de santidade, de discipulado e de gratuidade na missão. Sim, também hoje, a Mãe de Jesus segue agindo, pois somos objeto de sua proteção: “aonde essa imagem chegar, nenhuma desgraça acontecerá”, assim a faixa indicava, quando em 21 de novembro de 1753, ela foi encontrada no Rio Potengi.

Abramos nossos corações e nossas mentes para que, vendo que o Senhor coroa o ano todo com seus dons, vivamos na ação de graças e na comunhão de uma Igreja sinodal, na participação e na missão.

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