Revisitando Emmanuel Mounier e a necessidade de um engajamento na política 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

 

 

Revisitando Emmanuel Mounier e a necessidade de um engajamento pessoal e democrático na política 

 

Em tempos de descrédito na política e de erosão dos fundamentos da ordem democrática é importante para não cairmos no pessimismo raso da corrupção de valores e ideais, que levam inevitavelmente ao aventureirismo dos piores e as ditaduras; revisitar filósofos e mentores que inspiram a melhor política. 

Deve-se a Mounier o conceito de engajamento político moral contra a desordem humana, construir o que ele chamava a sociedade centrada e convergente na pessoa humana e na sua dignidade. Contra todo totalitarismo ou idolatria do Estado ou do Capital, destaca-se nele a correta articulação de pessoa e comunidade fazendo acontecer a solidariedade e a subsidiariedade, dois princípios complementares e interligados.  

Uma sociedade que respira a liberdade pessoal mas que amplia a solicitude social e a visão colaborativa na política, economia e na cultura. Diante das eleições municipais que se avizinham é imprescindível afirmar alto e de bom tom que comprar e vender votos é um estupro anti-cidadão e anti-republicano. 

Uma conduta vergonhosa e perversa que aniquila todos os valores democráticos, perpetuando o engodo mafioso, a exploração e a vil opressão dos desesperados e vulneráveis. Gerando não só analfabetos políticos, protofascistas mas inoculando o vírus do cinismo, do anti civismo e da traição a democracia e a pátria. Corresponde a ser aliado da destruição social e roubar o futuro as próximas gerações, aprovando ou legitimando a cakistocracia o governo dos piores e mais corruptos.  

Mounier nos diria hoje que o papel do cidadão como gestor, fiscal, ator e construtor da democracia é insubstituível, que implica anunciar e viver o que um bispo falou na Conferência de Aparecida, o principismo ou “castidade política”, a coerência e compromisso com uma política de valores. Estava somente lembrando a origem etimológica da palavra candidato, que no latim queria fazer referência aos políticos que se apresentavam para os cargos e ofícios, que vestiam uma veste branca impoluta.  

Não vote jamais em políticos sujos e desonestos, que não oferecem uma ficha limpa na sua vida e trajetória, denuncie toda forma e tentativa de corrupção eleitoral. Deus seja louvado e vote consciente e fielmente! 

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