Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)
No 4º Domingo da Páscoa, este ano no dia 8 de maio, a Igreja celebra o “Domingo do Bom Pastor” e nele o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Todos os anos, desde 1964, os Papas publicam uma mensagem para esse dia. A primeira mensagem foi feita pelo Papa São Paulo VI que, em 11 de abril de 1964, dirigiu aos católicos de todo o mundo, a seguinte mensagem: “Que o domingo de hoje, chamado do Bom Pastor na Liturgia por seu Evangelho, veja unidas em um único palpitar de orações os grupos generosos dos católicos em todo o mundo para pedir ao Senhor operários que necessita sua messe. E para que este Dia mundial de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas tenha a ressonância que merece, queremos dirigir nossas palavras de alento a todos os nossos filhos queridos, para que ninguém se descuide de um dever tão grave e responsável”.
Para este ano o Papa Francisco publicou a mensagem para o 59º Dia Mundial de Orações pelas Vocações com o tema: Chamados para construir a família humana. Partindo do significado de sinodalidade, “caminhar juntos como vocação fundamental para a Igreja”, e levando em conta a problemática atual do mundo e da Igreja, com características bem precisas: ventos gélidos da guerra e da opressão e fenômenos de polarização, o Papa traz para a reflexão de todos “o amplo significado da ‘vocação’, no contexto duma Igreja sinodal que se coloca à escuta de Deus e do mundo”.
Em primeiro lugar, para que o Dia Mundial de Oração pelas vocações seja um momento de conscientização de todos acerca do significado de vocação, a afirmação inicial é que “todos são chamados a ser protagonistas da missão”. Para nós, cristãos e cristãs latino-americanos, que desde a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, realizada em 2007, em Aparecida, tomamos mais consciência de que somos discípulos missionários, a afirmação do Papa Francisco, assumida para toda a Igreja na Exortação Apostólica Evangelii gaudium (2013), é um verdadeiro alento e, ao mesmo tempo, uma grande chamada para que não nos desmotivemos diante da missão. A missão tem os seguintes pontos ou contornos: chamados a ser guardiões uns dos outros e da criação, chamados a acolher o olhar de Deus, chamados a responder ao olhar de Deus, convocados para construir um mundo fraterno. Evocando a figura de Michelangelo, a quem são atribuídas as palavras: “No interior de cada bloco de pedra, há uma estátua, cabendo ao escultor a tarefa de a descobrir”, afirma o Papa: “Esta é a dinâmica de cada vocação: somos alcançados pelo olhar de Deus, que nos chama. A vocação – como aliás a santidade – não é uma experiência extraordinária reservada a poucos. Tal como existem ‘os santos ao pé da porta’ (Francisco, Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 6-9), assim também a vocação é para todos, porque todos são olhados com amor e chamados por Deus”. Por fim, apresentando o testemunho do Dr. José Gregório Hernández Cisneros, médico venezuelano, beatificado ano passado, o Papa chama a todos que descubram a sua vocação, acolhendo-a e aderindo plenamente à mesma.
Quero compartilhar com todos a oração pelas vocações publicada na primeira mensagem para esse dia, pelo Papa São Paulo VI: Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamastes os Apóstolos para fazer deles pecadores de homens, atraí ainda a Vós almas ardentes e generosas de jovens, para torná-los vossos seguidores e vossos ministros; fazei-os participantes de vossa sede de universal Redenção, pelas quais renovais sobre os altares o vossos Sacrifício: Vós, ó Senhor, ‘sempre vivo a interceder por nós” (Hb 7,25), abri-lhes os horizontes do mundo inteiro, onde a súplica silenciosa de tantos irmãos pede luz de verdade e calor de amor; afim de que, respondendo ao vosso chamado, prolonguem aqui a Vossa missão, edifiquem o Vosso Corpo místico, que é a Igreja, e sejam ‘sal da terra’, ‘luz do mundo’ (Mt 5,13). Estendei, ó Senhor, o vosso chamado também à muitas almas de mulheres puras e generosas, e infundi nelas o desejo da perfeição evangélica, e a dedicação ao serviço da Igreja e dos irmãos necessitados de assistência e de caridade. Amém”.
