A salvação eterna pode não estar no plano de vida de muitos. No entanto, certos acontecimentos, se bem analisados, podem levar as pessoas a rever sua caminhada na terra. Com frequência, temos noticiários sobre violência, mortes, injustiças e toda forma de desmando. Mesmo assim, como não dizem respeito diretamente a nós, podem passar sem nosso compromisso em tentar fazer algo para a modificação dessas situações desumanas. No entanto, quando algo se passa com nossos familiares e conosco mesmos, já nos faz pensar melhor. Mais: quando nos vemos apoucados nas possibilidades de resolver problemas surgidos na ordem física, psíquica, financeira, familiar e outros, ficamos mais perturbados e perplexos. Há quem se converta depois de acontecimentos dolorosos. O ideal seria não precisar passar por tais momentos para encaminharmos melhor nossa vida, de acordo com o projeto de Deus.
Já neste final do ano litúrgico, somos mais motivados a olhar para o sentido da vida que tem um termo e condiciona positivamente todo o nosso ser e agir na história presente. A vida eterna não nos coloca desinteressados em relação ao tempo presente. Ao contrário, compromete-nos em fazer dele o melhor mundo possível, com os ditames da ética, da justiça, da solidariedade, do amor e da paz. O compromisso com a promoção da cidadania para os que não têm acesso a ela de modo adequado faz-nos envolver com causas que pleiteiem e consigam o bem da vida, da pessoa humana e do meio ambiente. Deus nos presenteou a existência com talentos para usá-la bem na construção de convivência que dignifique a pessoa humana como sua imagem. A dimensão do eterno e sua consecução feliz nos tornam pessoas desapegadas, disponíveis para servir o semelhante, com virtudes humanas capazes de convivência na harmonia e promoção do bem de todos.
Conhecemos pessoas que poderiam pensar apenas no próprio conforto. No entanto, colocam-se em grande atividade para realizarem o bem do próximo com zelo, doação e exemplo de virtude. Olham o futuro no eterno de Deus para terem força de transformação da vida aqui e agora, com dedicação de quem entesoura valores para o resultado em felicidade imorredoura no depois desta vida. Jesus nos chama atenção para sabermos analisar os sinais do tempo presente e nos preparar bem para a vida futura. “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do homem está próximo, às portas” (Marcos 13, 28-30).
Ele fala de calamidades e perigos para nos advertir que nossa morte pode acontecer de um dia para outro. De fato, não adianta querermos colocar a finalidade da vida no momento presente, acumulando bens materiais, buscando todo tipo de ídolo, como o poder, o prazer… Não temos aqui morada permanente. Enquanto temos tempo, o melhor é realizarmos o bem conforme o projeto de Deus.